Prestação de serviços cai 7,8% em 2020 e registra o pior resultado da série histórica
Atividade, que foi a mais impactada pelas medidas de isolamento social, é o principal componente do PIB brasileiro e responsável pelo maior número de empregos; dezembro registra queda de 0,2%
A prestação de serviços recuou 7,8% em 2020 na comparação com o ano anterior, o pior tombo para a atividade desde o início da série histórica iniciada em 2012, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira, 11. O resultado interrompe a série de dois anos sem resultados negativos e é o pior registro anual desde 2016, quanto a retração foi de 5%. Em dezembro, o volume de serviços prestados caiu 0,2% ante novembro, quebrando a sequência de seis meses seguidos de alta. Apesar do ganho acumulado de 18,9% no período, o setor ainda está 3,8% abaixo do patamar de fevereiro, último mês antes da adoção de medidas de isolamento social para mitigar a pandemia do novo coronavírus. Na comparação com dezembro de 2019, o volume de serviços recuou 3,3% e registrou a décima taxa negativa seguida. As atividades do serviço são as mais relevantes para o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, e são responsáveis pelo maior número de empregos no país. As áreas relacionadas com o segmento, como bares, restaurantes, hotéis e transportes, foram as mais impactadas pelas restrições impostas para reduzir os contágios. Nesta quarta-feira, 10, o IBGE divulgou o avanço de 1,2% no comércio em 2020. Já a indústria registrou queda de 4,5%.
Segundo dados da pequisa, quatro dos cinco setores aferidos pelo IBGE tiveram queda em 2020 na comparação com o ano anterior. A retração foi puxada justamente pelos setores mais ligados às atividades presenciais. Os serviços prestados às famílias recuaram 35,6%, enquanto atividades profissionais, administrativas e complementares registraram recuo de 11,4% e o setor de transporte encolheu 7,7%. “O principal impacto veio dos serviços prestados às famílias, que foi pressionado pela queda na receita dos restaurantes, hotéis, serviços de bufê e produção e promoção de eventos esportivos e atividades de ensino ligadas a cursos profissionalizantes, técnicos e autoescolas, por exemplo”, explica o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.
O setor de serviços de informação e comunicação registrou recuo de 1,6%. O único segmento que teve resultados positivos no acumulado do ano foi o de outros serviços, com alta de 6,7%, impulsionado, principalmente, pelo aumento das receitas das empresas que atuam nos segmentos de corretoras de títulos, valores mobiliários e mercadorias e administração de bolsas e mercados de balcão organizados. “Com a queda recente da taxa de juros, famílias e empresas passaram a procurar outras formas de investimento alternativas à poupança e estão migrando para investimentos de renda fixa ou variável. E empresas desses segmentos financeiros auxiliares também tiveram aumento de receita em função dessa intermediação que fazem do mercado financeiro com as famílias e empresas que buscam por aumento de rendimento”, afirma Lobo.
A queda de 0,2% no volume de serviços na passagem de novembro para dezembro foi acompanhado por duas das cinco atividades pesquisadas: os serviços prestados às famílias (-3,6%) e os transportes, serviços auxiliares ao transportes e correio (-0,7%). “Entre junho e novembro, o setor de serviços mostrou uma recuperação importante (18,9%) depois de ter caído de forma considerável nos meses iniciais da pandemia, entre março e maio. Não havia alcançado ainda o patamar pré-pandemia e, agora no mês de dezembro, interrompe essa sequência de taxas positivas e mostra uma ligeira variação negativa, uma espécie de acomodação frente ao crescimento recente”, diz Lobo. Já os setores de outros serviços (3,0%), serviços de informação e comunicação (0,3%) e os profissionais, administrativos e complementares (0,1%) tiveram taxas positivas na passagem de novembro para dezembro.
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