Produção industrial recua 2,4% em março com piora da pandemia da Covid-19

Este é o segundo mês seguido de queda após a reedição de medidas de isolamento social para mitigar a disseminação do novo coronavírus

  • Por Jovem Pan
  • 05/05/2021 12h49 - Atualizado em 05/05/2021 15h38
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Rodrigo Felix Leal/AEN-PR Sequência de quedas anula ganhos da indústria e faz setor retomar ao patamar da pré-pandemia Indicador de confiança registra a pior sequência de queda desde 2014

O recrudescimento da pandemia do novo coronavírus no início deste ano fez a atividade industrial brasileira recuar 2,4% em março na comparação com fevereiro, quando já havia registrado queda de 1% e interrompido a sequência de nove meses de alta. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira, 5, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com o mesmo mês do ano passado, a produção da indústria avançou 10,5%, o sétimo crescimento seguido na escala do IBGE. A indústria acumula no ano alta de 4,4% e, nos últimos 12 meses, queda de 3,1%. O tombo mais forte do que o registrado no mês anterior é justificado pela reedição das medidas de isolamento social que forçaram o fechamento de comércios e a desaceleração das linhas de montagem. “Esses dois resultados negativos têm como pano de fundo o próprio recrudescimento da pandemia. Isso faz com que haja maior restrição das pessoas, o que provoca a interrupção das jornadas de trabalho, paralisações de plantas industriais e atrapalha toda a cadeia produtiva, levando ao encarecimento e à falta de insumos para o processo produtivo. Isso afeta o processo de produção como um todo”, afirma André Macedo, gerente da pesquisa.

Com os resultados desse mês, o setor está 16,5% abaixo do patamar recorde registrado em maio de 2011. Segundo a pesquisa do IBGE, entre maio de 2020 e janeiro deste ano, a atividade acumulou ganho de 40,1%, o que fez a produção industrial superar em 3,5% o patamar da pré-pandemia. As duas quedas em fevereiro e março, no entanto, zeraram este avanço. A piora deste mês foi puxada pela queda de 8,4% na produção de carros e carroceria, a terceira queda consecutiva e que faz o setor acumular perda de 15,8% no trimestre. Segundo Macedo, as férias coletivas anunciadas pelas principais montadoras na tentativa de mitigar o ritmo de contaminações pelo novo coronavírus influenciou na retração. “O recuo nos veículos automotores, reboques e carrocerias foi especialmente afetado pela redução na produção dos automóveis e de autopeças. Houve nessa atividade uma série de interrupções de processos de produção, paralisações e férias sendo concedidas. Isso justifica a queda de 8,4%”, afirma.

Na comparação com março de 2020, a produção industrial cresceu 10,5%, a taxa mais elevada desde junho de 2010, quando chegou a 11,2%. O resultado positivo, no entanto, é reflexo da baixa base de comparação após a queda de 3,9% em março de 2020, o primeiro mês completo com o país sob efeito da pandemia da Covid-19. “No confronto interanual, a produção industrial mostra não somente uma taxa de crescimento de dois dígitos, mas também essa configuração de taxas positivas bastante disseminadas. Mas é preciso fazer essa ressalva: a base de comparação é baixa porque, em março de 2020, o setor industrial já estava sendo afetado por todo aquele movimento de isolamento social em função da pandemia de Covid-19. Muito desse crescimento mais amplo tem uma relação direta com isso”, afirma Macedo.

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