Retomada dos serviços pode impactar no aumento da inflação, diz secretário de Guedes

Adolfo Sachsida, no entanto, aponta a agenda de reformas como meio de levar o IPCA para baixo; Ministério da Economia admite pela primeira vez que o indicador vai estourar o teto da meta

  • Por Jovem Pan
  • 14/07/2021 13h07 - Atualizado em 14/07/2021 17h25
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ETTORE CHIEREGUINI/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO Setor de serviços, que inclui bares e restaurantes, foi o mais afetado pelas medidas de isolamento social Associação Nacional de Restaurantes demonstra preocupações com os efeitos da reforma tributária no setor

A retomada do setor de serviços esperada para o segundo semestre deste ano com o avanço da imunização contra a Covid-19 pode impactar no aumento da inflação, afirmou nesta quarta-feira, 14, o responsável pela Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida. “A medida que tem a vacinação em massa, o setor de serviços retoma. A medida que os serviços retomam, você espera um pouco de impacto na inflação de serviços”, afirmou. Apesar da alta, o secretário disse que o mais importante é a ancoragem da expectativa e que as reformas econômicas propostas pelo governo devem levar o índice para baixo. “Se continuarmos fazendo o nosso dever de casa, iremos devidamente ancorar as expectativas e a inflação continuará sua tendência de queda.” A equipe econômica elevou a estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2021 de 5,05% para 5,9%. É a primeira vez que o Ministério da Economia admite que o medidor oficial da inflação brasileira irá estourar o teto da meta de 5,25%, com centro de 3,75% e piso de 2,25%. O IPCA foi a 8,35% nos 12 meses encerrados em junho, quando registrou avanço de 0,53%. A inflação dos serviços registrou alta de 0,23% no mês passado, ante recuo de 0,15% em maio. “A inflação está em elevação em todos os locais do mundo. É mais um motivo para insistirmos na agenda de refomas econômicas”, afirmou Sachsida.

prestação de serviços cresceu 1,2% em maio na comparação com abril e voltou a ficar acima do patamar pré-pandemia, segundo dados divulgados nesta terça-feira, 13, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado deixa o setor 0,2% acima do registrado em fevereiro de 2020, último mês antes da disseminação da Covid-19 no país. No ano, o segmento acumula alta de 7,3% e nos últimos 12 meses registra retração de 2,2%. Na comparação com maio de 2020, a prestação de serviços avançou 23%, terceira taxa positiva seguida e a mais intensa da série histórica iniciada em janeiro de 2012. Apesar do segundo mês positivo acumular alta de 2,5% desde abril, o segmento ainda não recuperou as perdas registradas em março, quando tombou 3,4% por causa da reedição de medidas de isolamento social.

O auxiliar do ministro Paulo Guedes também disse que o governo irá respeitar o teto de gastos, a regra que limita as despesas públicas ao orçamento do ano anterior corrigido pela inflação. “O governo brasileiro vai gastar no ano que vem exatamente o que ele gastou neste ano, corrigido pelo teto. Estamos gastando o teto deste ano e vamos gastar o teto do ano que vem, não gastaremos mais”, ressaltou. “É verdade que foi o governo passado que aprovou o teto, mas precisamos ser muito claros. Mais difícil que aprovar, é manter o teto.”

 

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