Vamos levar a Selic até onde precisar para manter a meta da inflação, diz Campos Neto
Presidente do Banco Central, no entanto, reitera que não vai alterar o ‘plano de voo’ a cada novo dado econômico de alta frequência
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira, 14, que a autoridade monetária vai levar a Selic para onde for necessário para cumprir a meta da inflação, mas que o “plano de voo” não será alterado a cada nova divulgação de dados econômicos de alta frequência. “A gente tem um instrumento que vai ser usado na forma que precisa ser usado. Nós entendemos que podemos levar a Selic até onde precisa para ter convergência da meta [de inflação]. Isso não significa que o Banco Central vai reagir a cada dado de alta frequência”, disse o presidente da instituição no último pronunciamento antes do início do período de silêncio para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a partir desta quarta-feira, 15. O BC persegue a meta inflacionária de 3,75%, com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, entre 2,25% e 5,25%. A inflação foi a 0,87% em agosto — o maior salto em 21 anos —, e acumulou alta de 9,68% nos últimos 12 meses. Segundo Campo Neto, alguns itens de pressão já haviam sido antecipado, enquanto outros se mostram mais persistentes do que o planejado. “Temos um plano de voo olhando mais longe”, afirmou em participação de um evento do banco BTG Pactual.
O Copom se reúne na semana que vem para debater a taxa básica de juros da economia. Em agosto, o BC elevou a Selic para 5,25% ao acrescentar 1 ponto percentual. Em nota, a autoridade monetária sinalizou novo aumento da mesma magnitude. A alta da inflação, no entanto, levou analistas a preverem alta mais robusta, na casa de 1,25 ponto percentual. A escalada do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fez o mercado financeiro alterar para 8% a expectativa da inflação em 2021, segundo dados do Boletim Focus divulgados nesta segunda-feira. A constante revisão de alta da previsão para este ano pressiona o risco de contaminação do índice em 2022. Os analistas do mercado também mudaram para cima a estimativa do IPCA do próximo ano para 4,03%, ante projeção de 3,98% na semana passada. Para 2022, a autoridade monetária nacional persegue a meta de 3,5%, com variação entre 2% e 5%. De acordo com Campos Neto, o BC busca descifrar o descolamento das expectativas para o IPCA do ano que vem. “É importante entender qual componente que se apresenta”, disse.
Ao citar as pressões inflacionárias, Campos Neto elencou a questão climática e a recente crise hídrica, que acaba gerando impacto no encarecimento da energia elétrica, um dos principais vilões do IPCA neste ano. O presidente do Banco Central também comentou sobre a política de preços da Petrobras e os impactos dos repasses dos combustíveis, o principal setor que levou a inflação para cima no mês passado. “A Petrobras, por exemplo, passa preços muito mais rápido do que a grande parte dos outros países”, afirmou, completando que o BC acompanha esse movimento da alta das commodities na variação dos preços.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.