Varejo recua 0,2% em janeiro e registra 3ª queda seguida após redução do auxílio

Retração evidencia enfraquecimento da demanda após forte recuperação no segundo semestre de 2020 e aumenta pressão sobre o setor com o recrudescimento da pandemia do novo coronavírus

  • Por Jovem Pan
  • 12/03/2021 11h36
EFE/ Sebastiao Moreira Intenção de compra dos brasileiros mostra reação em junho, mas ainda está abaixo do patamar histórico, aponta pesquisa da CNC Retração no comércio em três meses seguidos acompanha a escalda da corrosão do poder de compra da população com o avanço da inflação

As vendas no varejo recuaram 0,2% em janeiro na comparação com dezembro de 2020, o terceiro mês seguido de queda, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelados nesta sexta-feira, 12. Em dezembro, a retração foi de 6,2%, ante 0,1% registrado em novembro. O movimento coincide com a redução do auxílio emergencial a partir de outubro do ano passado e o fim dos pagamentos em dezembro. Na comparação com janeiro do ano passado, o varejo registrou baixa de 0,3%, primeira taxa negativa após sete meses consecutivos de índices positivos. O indicador acumulado nos últimos 12 meses ficou em 1%, indicou a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC).

A terceira queda seguida reforça o enfraquecimento da demanda varejista após a forte recuperação no segundo semestre do ano passado e os desafios para os comerciantes no início de 2021. Segundo Caio Megale, economista-chefe da XP, o recrudescimento da pandemia do novo coronavírus deve pressionar ainda mais o setor. “Para frente, esperamos que a tendência de desaceleração da demanda final continue, principalmente com o agravamento da pandemia, que pode interromper a recuperação gradual do mercado de trabalho. A nova rodada do auxílio emergencial deve suavizar a tendência, mas nossos cálculos sugerem que não será suficiente para compensar a queda na renda total das famílias.”

Das oito categorias pesquisadas pelo IBGE, quatro registraram queda em fevereiro. O setor de supermercados, que tem o maior peso na composição da pesquisa, recuou 1,6%, enquanto a venda de livros, jornais e revistas retraíram 26,5%. A venda do vestuário caiu 8,2% e móveis e eletrodomésticos recuaram 5,9%. No lado positivo, artigos de uso pessoal e doméstico cresceram 8,3%, enquanto produtos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos subiram 2,6%. “Com a diminuição do aporte de recursos do auxílio emergencial, a partir de outubro, a capacidade de consumo das famílias diminuiu, com impacto direto no comércio, levando os indicadores à estabilidade em novembro, uma queda em dezembro, e, agora, outra estabilidade em janeiro”, afirmou o gerente da PMC, Cristiano Santos.

No comércio varejista ampliado, que inclui, além do varejo, veículos e materiais de construção, o volume de vendas caiu 2,1% em janeiro, frente a dezembro, sendo o segundo mês com resultado negativo seguido. Essa queda foi puxada pelo setor de veículos, motos, partes e peças (-3,6%), enquanto material de construção variou positivamente (0,3%). Na comparação com janeiro de 2020, o comércio varejista ampliado caiu 2,9%, primeiro resultado negativo após seis meses de variações positivas. “Janeiro foi um mês de repique da pandemia, com restrições de funcionamento de estabelecimentos comerciais em alguns estados, que refletiram de maneira mais forte no setor de veículos. Veículos tem o segundo maior peso no comércio, e já vinha de uma queda em dezembro”, disse Santos.

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