Vendas no varejo caem 0,1% em novembro por avanço da inflação
Resultado negativo encerra sequência de seis meses de alta; encarecimento de alimentos e bebidas puxou consumo para baixo
As vendas no varejo caíram 0,1% em novembro do ano passado, impactadas principalmente pela retração do consumo dos alimentos diante da disparada da inflação, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, 15. O recuo quebra a sequência de seis meses de avanços nos setor, com ganho acumulado de 32,2%, segundo dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC). Em paralelo ao mesmo mês de 2019, o varejo retraiu 3,4%. Apesar dos números negativos, as vendas no comércio estão 7,3% acima dos níveis registrados antes da pandemia do novo coronavírus. No acumulado do ano, o segmento avançou 1,2%, enquanto nos 12 meses encerrados em novembro a alta foi de 1,3%, indicando estabilidade no ritmo de vendas. O setor alcançou o fundo do poço em abril, ao cair mais de 16%, mas demonstrou forte poder de recuperação, e em maio já registrou pico de 12%. Em outubro, o volume de vendas foi de 0,9%.
Das oito atividades pesquisadas pelo IBGE, cinco tiveram avanço na comparação com o mês anterior. A queda foi puxada pela retração de 2,2% no setor de supermercados, alimentos, bebidas e fumo, que compõe 45% de todo o desempenho do PMC. Segundo Cristiano Santos, gerente da pesquisa, a queda é justificada pelo aumento da inflação no período, que encerrou novembro com avanço de 0,89%, o maior desde 2015. “Se olharmos, por exemplo, para a receita das empresas dessa área, houve um declínio de 0,8%. E a diferença entre a receita e o volume de vendas demonstra um aumento de custos. Mas, além disso, é comum que o consumidor, quando tem uma queda de renda ou do seu poder de compra, passe a comprar menos produtos que não são essenciais e a optar por marcas mais baratas”, diz.
Os setores de outros artigos de uso pessoal e doméstico, representado principalmente pelas vendas em lojas de departamento, e de artigos farmacêuticos, foram os únicos que representaram avanço tanto em comparação a outubro, quanto a novembro de 2019. Segundo Santos, a realização da black friday no período contribuiu para que a queda de 0,1% não fosse mais expressiva. “A black friday impacta principalmente as atividades de outros artigos de uso pessoal, móveis e eletrodomésticos, além de equipamentos de escritório, informática e comunicação. Sendo que, nesse novembro, essas duas primeiras atividades tiveram um desempenho bem superior ao do ano anterior, ao contrário dos equipamentos de escritório e informática, que ficaram 9,9% abaixo do mesmo período de 2019. Esses resultados também refletem o fato de as pessoas estarem ficando mais em casa”, afirma.
Já o comércio varejista ampliado, que inclui, além das oito atividades de varejo, veículos, motos, partes e peças e material de construção, manteve o crescimento e registrou a sétima alta no volume de vendas, de 0,6%, em novembro, frente ao mês anterior. Frente a novembro de 2019, o setor registrou a quinta taxa positiva com aumento de 4,1%, após a alta de 6,1% em outubro. Porém, o varejo ampliado já se encontrava em novembro 5,2% acima do patamar de fevereiro. No ano, a venda de veículos acumula queda de 15,1%, mas os materiais de construção tiveram alta de 10,1%. “A atividade de materiais de construção se recuperou rápido após o fechamento do comércio por conta da pandemia, a partir de junho já estava reaquecido. Já a automotiva está tendo uma retomada mais tardia. Muitos consumidores adiaram a compra de veículos, já que não estavam saindo de casa. Temos também na atividade uma sazonalidade, por conta dos motoristas profissionais, que costumam trocar de carro no final de ano. E vem aquecendo esse mercado também o aumento das frotas de empresas de aluguel de veículos, que tiveram aumento de demanda. Assim, a atividade de Veículos, motos, partes e peças teve um crescimento de 3,5% em novembro, mas ainda está 1,9% abaixo do patamar de fevereiro”, afirma o gerente.
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