Em Davos, a elite mundial sente na pele o drama de refugiados sírios

  • Por Agencia EFE
  • 26/01/2014 08h08
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Marta Garde.

Davos (Suíça), 25 jan (EFE).- Colocar-se na pele de um refugiado e experimentar em pessoa o medo e a frustração. Com essa premissa, os presentes ao Fórum Econômico Mundial abandonaram por algumas horas seus privilégios para adentrar em um acampamento simulado pela ONG Crossroads.

A passagem por um porão escuro com barracas de campanha e uma prisão, e o confronto com um contingente de soldados, bastaram para provocar o pranto em muitos dos participantes, que se aproximaram dos abusos, das humilhações e da injustiça pelas quais atravessa qualquer refugiado em centros carentes de ajuda internacional.

“Não é um entretenimento nem um jogo. As pessoas saem mudadas”, garantiu à Agência Pablo Stevens, um dos representantes de Crossroads Foundation, a ONG que colocou pela primeira vez no exclusivo enclave alpino de Davos um acampamento que nesta ocasião presta atendimento à crise síria.

Os presentes – empresários, líderes políticos e inclusive chefes de Estado – se viram em questão de segundos ajoelhados e cercados por metralhadoras, ameaçados ou acusados do roubo de comida, amontoados nas barracas e desconcertados com as constantes mudanças de luz que simulam a noite e o dia.

O conflito na Síria provocou desde seu início em março de 2011 mais de 130 mil mortos e 2,3 milhões de refugiados e deixou a metade de sua população dependente da ajuda humanitária externa, mas a intensidade da simulação, apesar do impacto, não se aproxima nem 15% da situação real.

Assim lembrou aos mais de 20 voluntários o diretor de Experiências Globais de Crossroads, David Begbie, que não acredita que haja “melhor lugar que Davos”, ponto de encontro durante quatro dias dos principais dirigentes mundiais, para voltar a abordar uma problemática nem sempre coberta.

“Esperemos que não se diga somente que esteve interessante. Devemos perguntar-nos quem somos, e ver que capacidade temos para fazer algo”, disse a um público ainda choroso, que concordou na hora de admitir que a solução definitiva a essa guerra “requer estabilidade política e econômica”.

Ao fim da simulação, esses falsos refugiados, sentados em rudimentares bancos, compartilharam uma vivência que não é opcional para cerca de 45 milhões de pessoas no mundo.

“Foi uma das melhores experiências e me chegou a um nível muito emocional de querer fazer algo a respeito”, comentou à Efe a mexicana Daniela Hammeken, diretora geral da Impact Hub, empresa de apoio a empreendedores e inovadores.

A mensagem também tocou pessoas como a diretora de operações do Facebook, Sheryl Sandbere, milionária acionista dessa rede social, que saiu convencida que ela e o resto de participantes de Davos têm “a obrigação de fazer algo melhor pelo mundo”. EFE

mgr/rsd

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