Em SP, água armazenada faz casos de dengue triplicarem em janeiro
O número de casos de dengue registrados na capital paulista nas três primeiras semanas do mês de janeiro triplicou em relação ao mesmo período do ano passado, segundo balanço divulgado nesta quarta-feira pela Secretaria Municipal da Saúde.
O armazenamento de água limpa, medida adotada por algumas pessoas para enfrentar a crise hídrica, foi apontado pela administração municipal como uma das razões para o crescimento dos casos. O calor também contribui para a proliferação do mosquito transmissor.
De acordo com os dados da secretaria, entre 4 e 24 de janeiro, três primeiras semanas epidemiológicas do ano, foram 120 casos confirmados da doença, contra 45 no mesmo período de 2014. O número deve aumentar pois, apesar de apenas 120 casos terem sido confirmados, já foram notificados 1.304 registros de pacientes com suspeita de contaminação.
Nesse ritmo, a secretaria estima que a cidade de São Paulo possa enfrentar situação crítica em 2015, com até 90 mil casos de dengue. No ano passado, quando a capital paulista já bateu recorde de casos e óbitos, foram 28.995 pacientes infectados e 14 mortes.
“Estamos diante de uma crise hídrica. A população está armazenando água, mais na periferia do que no centro. Se essa água não for coberta, a possibilidade de estes reservatórios se transformarem em focos de mosquito é gigantesca”, disse o secretário municipal de Comunicação, Nunzio Briguglio Filho.
A Prefeitura não divulgou o número de casos por bairro, mas informou que a maioria dos pacientes contaminados está na zona norte da cidade. O secretário-adjunto da Saúde, Paulo Puccini, afirmou que a população deve tomar alguns cuidados ao estocar água. “Não há problema em armazenar a água para enfrentar a falta dela. Mas tem de tampar ou por uma tela. Não adianta só usar cloro porque não mata a larva”, disse.
Doença prima da dengue e transmitida pelo mesmo mosquito, o crescimento de casos de chikungunya também preocupa. Desde o início do ano, no entanto, não foi registrado nenhum caso autóctone (de transmissão dentro da cidade) da doença. Foram apenas três casos importados.
A Prefeitura diz que, diante do cenário preocupante, reforçou o trabalho dos 2.500 agentes de zoonoses da cidade, “com ações de visita porta a porta, grupos de orientação e ações de combate nos locais de grande concentração de pessoas”.
Afirma, no entanto, que os moradores devem ficar atentos aos possíveis criadouros do mosquito Aedes aegypti no ambiente doméstico, como pratinhos de vasos de plantas, que devem ser preenchidos com areia; piscinas, que devem ser tratadas com cloro e cobertas; e caixas de água, que não devem ficar destampadas.
*Fabiana Cambricoli e Felipe Resk
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.