Empresa mexicana oferece descanso eterno no fundo do mar

  • Por Agencia EFE
  • 08/08/2014 10h22
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Paula Escalada Medrano.

Cidade do México, 8 ago (EFE).- Criar vida a partir da morte é o objetivo de uma empresa no México que oferece serviços fúnebres marítimos, para que as cinzas do falecido descansem flutuando em uma urna biodegradável ou repousem eternamente em um recife no fundo do mar.

Os donos da Inmemoriam não gostam de palavras fúnebres. Nem cripta, nem túmulo, nem cemitério marinho, preferem chamar os funerais de “homenagem à vida” e de “pérolas” as urnas redondas em que são colocadas as cinzas dos mortos.

Um dos fundadores, Francisco Bornacini, explicou à Agência Efe que o objetivo da empresa é encontrar “a maneira perfeita de se despedir de um ente querido, reintegrando-o à natureza e percebendo como ele se transforma novamente em vida”.

A ideia surgiu quando a mãe de um dos sócios, Eduardo Patiño, pediu que quando morresse suas cinzas fossem jogadas ao mar, mas ele não encontrou nenhuma forma de fazer isso de um modo elegante e simbólico.

Foi então que decidiu criar a empresa, inspirada em uma americana, mas agregando a sensibilidade latina, após ver ali uma oportunidade de negócio.

A empresa já tem quatro anos de experiência, mas ainda não tem muitos clientes, porque descansar eternamente no mar não é exatamente barato.

Uma urna biodegradável pode custar 30 mil pesos (US$ 2.300) e entre 50 mil e 70 mil (US$ 3.900 e US$ 5.400) repousar em um recife marinho.

Normalmente realizam “um ou dois” serviços de urnas ao mês e os de recifes “a cada quatro ou cinco meses”, explicou Bornacini.

Além disso, “as permissões deram muito trabalho”, pois tiveram de ser acompanhadas de vários estudos sobre o impacto ambiental e nas espécies que vivem ali.

Todos concluíram que não havia impacto negativo, disse Bornacini, já que as urnas biodegradáveis “não poluem” e as cinzas “são restos de cálcio e carbono e no fundo o que fazem é enriquecer a terra”.

Para poder instalar o cemitério marinho, os proprietários da Inmemoriam pediram permissões à Secretária do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Semarnat), à Comissão Nacional de Água (Conagua) e à Secretaria de Saúde, entre outras instâncias. Segundo Bornacini, ninguém disse que “a lei proibia”.

A Inmemoriam oferece dois serviços, o recife e a urna biodegradável. No primeiro, explicou, “as cinzas são colocadas dentro de um objeto que nós chamamos de pérola, que é uma esfera de concreto”.

Ela vai em uma embarcação com os entes queridos até o recife, dentro da região atribuída a Inmemoriam na Enseada Rodrigo, no porto de Acapulco.

Ali é onde repousam no fundo do mar estas pesadas estruturas, que são uma espécie de “iglus que medem um metro de altura e 80 centímetros de diâmetro” com buracos.

Assim que chegam ao ponto, é realizada uma cerimônia, depois uma mergulhadora a leva até onde estão as estruturas e insere as pérolas nelas, uma pérola em cada uma.

A pérola leva uma placa de metal com o nome do falecido e tem a geolocalização marcada, para quem quiser visitá-los. Esta opção por enquanto só está permitida nas águas desta turística cidade do Pacífico mexicano.

A outra opção é a da urna biodegradável, que também é realizada nas águas caribenhas de Cancún, e chamada pela empresa de “serviço dispersão de vida”.

Nesta também é alugada uma embarcação que anda pelo menos três milhas e, após a cerimônia, a urna “vai liberando as cinzas: parte delas vão para o fundo e outras flutuam, e começam a viajar pelo mar”.

Por isso, não há um ponto específico para os familiares se recordarem, “mas todo o mar”, se cumprindo assim outro dos slogans da empresa: “a morte é o começo de uma nova aventura”.

Embora tenham todas as permissões legais para operar, eles tiveram alguns problemas com os pescadores da região, que por superstição “dizem que não querem que seus peixes comam mortos”.

“Então explicamos que é cinza, não corpo, que não é comida para os peixes”, contou Bornacini, ao justificar que todos os serviços que fizeram tem o intuito de realizar o último desejo das pessoas que queriam descansar no mar. EFE

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