Estado de São Paulo tomba Praça e Catedral da Sé

  • Por Estadão Conteúdo
  • 24/06/2016 20h21
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Paulo Pinto/Fotos Públicas Praça da Sé

Marco zero de São Paulo e cenário de acontecimentos históricos, a Praça da Sé foi tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat). E o mesmo ocorreu com a catedral. 

A decisão, tomada na segunda-feira, 20, tem por base a importância religiosa e histórica. “A Praça da Sé e a Catedral Metropolitana constituem testemunhos materiais da transformação da vila colonial em metrópole, do Império em República, dos bondes em metrô e das diversas formas de sociabilidade e cultura ao longo de seus quase 500 anos de existência”, contextualiza a Unidade de Preservação do Patrimônio Histórico (UPPH), braço técnico do Condephaat. “O local também é palco de manifestações populares significativas para a cidade e foi, por muitos anos, um ponto de passagem, de comunicação, de festas religiosas, comércio e atividades administrativas”.

Histórico

Mais importante templo católico de São Paulo, a Catedral da Sé começou a ser erguida em 1913 – mas só seria inaugurada em 1954, durante as comemorações do IV Centenário da cidade. Ocupa o mesmo local da primeira igreja matriz paulistana, demolida anteriormente. Tem 111 metros de comprimento, 46 de largura e duas torres com 92 metros de altura. De estilo neogótico, foi projetada pelo engenheiro e arquiteto alemão Maximilian Emil Hehl (1861-1916), antigo professor da Escola Politécnica (Poli-USP). Em seu acabamento, foram utilizadas 800 toneladas de mármore. Em seu interior, chama a atenção o imenso órgão de 12 mil tubos.

“A catedral e sua praça fronteira sempre desempenharam um importantíssimo papel cívico, além do religioso. Este tombamento representa perfeitamente a finalidade da sua intenção: a de transmitir para as futuras gerações as referências da obra e do engenho das gerações passadas, com vistas à consolidação de uma identidade cultural no presente”, ressalta, em nota, José Eduardo Lefèvre, presidente do Condephaat.

Diversas manifestações ocorreram no local, sobretudo durante o período das Diretas Já e de redemocratização. Na Sé foram celebradas missas em memória de mortos durante o regime militar, como a do jornalista Vladimir Herzog e do metalúrgico Santo Dias da Silva. 

Repercussões

Para o arquiteto e urbanista Lucio Gomes Machado, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), a Catedral da Sé é importante mais pelo lado afetivo do que arquitetônico. “Trata-se de uma coisa fora de época: ela se propõe a ser algo medieval no todo e tem uma cúpula que imita o Renascimento. Para os ortodoxos da história da arquitetura, é algo que não tem sentido.”

Por outro lado, Machado ressalta que a igreja é importante para a cultura da cidade e do Estado. “Só a presença de uma obra desse tamanho em São Paulo já é algo digno de nota. E, do ponto de vista tecnológico, também vale ressaltar que ela conta com uma série de misturas de técnicas construtivas interessantes.”

Também professor da FAU-USP, o arquiteto, urbanista e historiador Benedito Lima de Toledo ressalta que a arquitetura da igreja tem “inspiração europeia”. “E a praça só é ampla como a conhecemos hoje por insistência do então arcebispo de São Paulo, d. Duarte Leopoldo e Silva (1867-1938). Ele insistiu muito com a Prefeitura para que a praça fosse grande, para que a catedral tivesse uma posição de destaque, com perspectiva”, comenta.

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