Estudantes da USP param debate de cota e enfrentam a PM

  • Por Estadão Conteúdo
  • 17/06/2016 11h21
EFE Tiroteio em boate gay nos EUA mata cerca de 20 e FBI suspeita de terrorismo - EFE

Alunos da Universidade de São Paulo (USP) invadiram, na tarde de quinta-feira (16), uma reunião do Conselho de Graduação que iria analisar e referendar o uso do sistema que utiliza a nota do Enem e reserva uma parte das vagas para candidatos de escola pública e autodeclarados pretos, pardos e indígenas (PPI). Os autores são membros de grupos contrários à adoção de cotas raciais e sociais pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), eles enfrentaram a polícia no final da noite.

De acordo com a Reitoria, os alunos entraram no prédio e interromperam a reunião, que foi finalizada sem deliberação. Segundo os estudantes, a Polícia Militar comunitária usou spray de pimenta para retirá-los. 

Marina Nunes Dias, de 20 anos, estudante de Filosofia e integrante do movimento Quilombo Raça e Classe, disse que os alunos interromperam a reunião para demonstrar insatisfação com a decisão da USP de apenas adotar cotas via Sisu. “A gente reivindica que as cotas raciais sejam proporcionais à população negra e indígena do estado, que é de 30%. Se só colocam cotas via Sisu, a USP aumenta ainda mais a elitização.”

Em assembleia posterior, com a presença de policiais militares que cercaram o edifício, os estudantes votaram por desocupar o estacionamento e optaram por não invadir outros prédios. Mesmo assim, um grupo se deslocou até a antiga reitoria e tentou entrar no prédio. A PM interveio com bombas de gás lacrimogêneo. Houve correria e a confusão se estendeu até os vizinhos prédios de residência universitária do Crusp.

A polícia seguiu os manifestantes até o residencial. Das janelas, moradores jogaram objetos contra os PMs, que responderam com bombas de gás. Residentes gritavam que havia mulheres e crianças e pediam o fim da ação policial. A confusão persistiu até a meia-noite.

Outros cursos

Também na quinta, a reportagem mostrou que a Escola de Comunicação e Artes (ECA) vai adotar o Sisu. Para o próximo vestibular, todos os cursos de Comunicação, como Educomunicação, Biblioteconomia, Jornalismo, Editoração, Publicidade e Propaganda, Relações Públicas e Turismo, vão separar 81 vagas pelo sistema. Dessas, 34 serão reservadas para PPI.

A adoção do Enem como forma de seleção em conjunto com o vestibular da Fuvest começou na USP, no ano passado, como aposta para aumentar a inclusão de alunos de escola pública. A meta é de 50% até 2018. No entanto, a medida afastou ainda mais a universidade de alcançar sua meta, pois o índice de inclusão caiu de 35,1%, em 2014, para 34,6% no ano passado.

A adoção de cotas sociais e raciais na instituição é pauta antiga do movimento estudantil e já ocorre nas universidades federais desde 2012. No mês passado, alunos ocuparam diversas unidades, incluindo a ECA, reivindicando a adoção da medida e mais políticas de permanência estudantil.

A utilização de cotas pelo Sisu também está sendo discutida no Departamento de Matemática, do Instituto de Matemática e Estatística (IME), e na Esalq (agronomia) de Piracicaba. A intenção é reservar um porcentual de vagas para alunos de escolas públicas e para pretos, pardos e negros.

Já na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), o Sisu já havia sido adotado no ano passado. Para este ano, a Congregação defende aumentar a reserva das vagas.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.