Estudo indica “azar” como fator de peso no desenvolvimento do câncer

  • Por Agencia EFE
  • 02/01/2015 14h48

Madri, 2 jan (EFE).- O azar é um dos fatores que causa o câncer em mais de 60% dos casos, segundo um estudo feito por pesquisadores do Centro Oncológico Kimmel da Universidade Johns Hopkins, de Baltimore (Maryland), nos Estados Unidos.

Os especialistas chegaram a essa conclusão após criarem um modelo estatístico que, partindo da análise de muitos tipos de tecidos, calcula a incidência de câncer causada pelas mutações aleatórias que se produzem quando as células-tronco se dividem.

Os resultados do estudo, publicado na revista científica Science, afirmam que o “azar” determina dois terços da incidência de câncer nos tecidos dos adultos, enquanto o terço restante se deve a fatores ambientais e genéticos.

As pessoas que apesar estarem expostas a agentes cancerígenos como o tabaco não desenvolvem tumores costumam pensar que é graças a seus “bons genes”, quando “a verdade é que a maioria delas simplesmente teve sorte”, afirma Bert Vogelstein, pesquisador do Instituto Médico Howard Hughes da Johns Hopkins e um dos responsáveis pelo estudo.

Cristian Tomasetti, biomatemático e coautor do estudo, explica que, visto que dois terços da incidência do câncer se baseiam nas mutações de DNA produzidas durante a divisão das células-tronco, mudar o estilo de vida e os hábitos “pode ser de grande ajuda para prevenir certos tipos de câncer, mas nem todos”.

Segundo Vogelstein, o estudo mostra que o número de divisões de células-tronco em um tipo de tecido esta “altamente correlacionado” com a incidência de câncer nesse mesmo tecido.

Como exemplo, é citado o tecido do cólon, que nos seres humanos se submete a quatro vezes mais divisões celulares que o tecido do intestino delgado, por isso o câncer de cólon é muito mais frequente que o do intestino delgado, afirma o oncologista.

O estudo conclui que 22 tipos de câncer poderiam ser explicardo, em grande parte, pelo fator do “azar” de mutações de DNA ao acaso durante a divisão celular. Outros nove tipos de câncer analisados surgiram, presumivelmente, após uma combinação de má sorte e causas ambientais ou hereditárias.

“Descobrimos que os tipos de câncer que tinham maior risco previsto pelo número de divisões de células-tronco eram precisamente os que precisam esperar, incluindo o câncer de pulmão, que está vinculado ao consumo de tabaco, e o de pele, vinculado à exposição ao sol”, diz Vogelstein.

Assim, “o estudo indica que o risco de contrair câncer pode aumentar por fumar ou outros fatores de estilo de vida, mas muitas formas de câncer se devem em grande parte ao azar de adquirir uma mutação em um gene controlador do câncer, independentemente do estilo de vida e da herança”, conclui.

Por isso, “a melhor forma de erradicar estes tipos de câncer será através da detecção cedo, quando ainda são curáveis com cirurgia”, adverte o oncologista.

O estudo não inclui alguns tipos de câncer como o de mama ou o de próstata por falta de documentação científica, segundo explica o artigo. EFE

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