Ex-líderes de Bolívia e Colômbia afirmam que Venezuela é uma ditadura

  • Por Agencia EFE
  • 30/05/2015 03h43
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Caracas, 29 mai (EFE).- A visita dos ex-presidentes de Colômbia, Andrés Pastrana, e Bolívia, Jorge Quiroga, à Venezuela terminou nesta sexta-feira depois que as autoridades locais lhes negaram a possibilidade de visitar os políticos presos – Leopoldo López e Daniel Ceballos – e ambos deixam o país convencidos que “o que existe aqui é uma ditadura”.

Os ex-governantes também tentaram, em vão, se reunir com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que não manifestou até hoje qualquer interesse em se encontrar com os líderes sul-americanos, e, além disso, comentou que os mesmos só querem “intervir na Venezuela”.

No portão da prisão militar em que López está detido, os militares informaram a Pastrana e Quiroga que o político está proibido de receber visitas por três semanas, depois que um telefone celular foi encontrado entre seus pertences, segundo constatou a Agência Efe.

“Está claro que o que há na Venezuela é uma ditadura”, disse Pastrana, que deixa Caracas pela segunda vez sem poder se encontrar com os opositores presos.

A visita dos ex-chefes de Estado acontece justo quando López e Ceballos fazem uma greve de fome para reivindicar, entre outras coisas, a libertação dos “presos políticos”, e uma data precisa para as eleições parlamentares do país.

Pastrana e Quiroga garantiram que o único objetivo de sua visita era constatar a situação dos principais dirigentes opositores que se encontram na prisão e lamentaram a negativa do governo venezuelano.

“Dói ver que não nos deixam entrar para ver um homem que está sem alimentos, sem comida, como boa parte do povo venezuelano devido à catástrofe econômica; que está sem atendimento médico”, disse Quiroga em frente à prisão militar.

Pastrana, que em janeiro tentou – sem sucesso – visitar López, garantiu que, nesta oportunidade, acreditou “que o direito dos presos seria respeitado”.

Os ex-presidentes também não conseguiram visitar Ceballos, já que, segundo lhes foi informado, houve uma mudança de diretor na prisão, que fica a cerca de 150 quilômetros de Caracas, onde o político está detido.

A esposa de Ceballos, Patricia Gutiérrez, a única pessoa da comitiva que obteve permissão para visitar o ex-prefeito, informou que o político já mostra sintomas de esgotamento, produto da greve de fome que hoje completa uma semana.

Por outro lado, o defensor público da Venezuela, Tareq William Saab, qualificou de “agressão” a presença dos ex-presidentes Pastrana e Quiroga, que, segundo ele, violenta a Constituição venezuelana.

“Consideramos a presença reiterada de ex-presidentes estrangeiros, que se intrometem em assuntos internos da Venezuela, como uma agressão”, afirmou Saab aos jornalistas em declarações recolhidas pela televisão estatal “VTV”.

Saab também disse que tanto Pastrana, na Colômbia, como Quiroga, na Bolívia, têm um “histórico terrível” em matéria de violação dos direitos humanos durante o período em que estiveram no governo.

Enquanto isso, líderes da oposição continuam os preparativos para a manifestação que acontece neste sábado, convocada em apoio aos pedidos feitos por López através de um vídeo gravado com o telefone que foi apreendido em sua cela.

Maduro respondeu à convocação ao advertir que, se houver qualquer incidente violento durante a marcha, deverão ser responsabilizados os chefes de polícia do estado de Miranda e da cidade de Chacao, que faz parte da região metropolitana de Caracas, locais por onde circulará a mobilização.

“Terão que ir para a prisão os chefes de polícia de Miranda e Chacao se houver apenas um incidente de violência amanhã”, disse Maduro em um ato de governo transmitido pela “VTV”.

López e Ceballos estão presos há mais de um ano acusados de crimes relacionados com os protestos antigovernamentais do primeiro semestre de 2014, que terminaram com 43 mortos e centenas de feridos. EFE

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