Exército da Nigéria repele ataque do Boko Haram a cidade estratégica
Dot Adeyemi
Maiduguri, 1 fev (EFE).- A calma voltou à cidade de Maiduguri, capital do estado de Borno, depois que o Exército da Nigéria conseguiu repelir uma nova ofensiva do grupo islamita Boko Haram para conquistar uma importante cidade.
Durante a madrugada de domingo foram escutados tiros e explosões de um ataque coordenado de vários pontos contra Maiduguri, cidade com mais de um milhão de habitantes e base do quartel-general das Forças Armadas nigerianas no nordeste do país.
A confusão e o caos se espalharam entre os moradores dos subúrbios, que fugiram aterrorizados rumo ao centro da cidade enquanto o Exército e várias milícias cidadãs se apressavam para organizar a defesa da periferia.
Embora ainda seja cedo para fazer um balanço das mortes, os serviços de emergência confirmaram à Agência Efe que pelo menos dez pessoas morreram, mas não especificaram se eram insurgentes ou civis.
A Força Aérea nigeriana, que tem uma base nos arredores de Maiduguri, realizou vários ataques contra posições do Boko Haram e, segundo a imprensa local, teria matado vários civis e um número indeterminado de membros das milícias cidadãs ao serem confundidos com combatentes islamitas.
O Boko Haram tentou tomar Maiduguri em diversas ocasiões, principalmente por se tratar de um enclave simbólico. O local foi onde o grupo foi fundado e possui grande valor estratégico porque é o último reduto de defesa do Exército no nordeste do país.
Na semana passada o grupo islamita iniciou uma ofensiva similar sobre Maiduguri, Konguda e Monguno, todas no estado de Borno. Embora não tenha conseguido conquistar as duas primeiras, tomou o controle de Monguno, cidade que abriga uma importante base militar que até então servia como defesa para proteger Maiduguri.
É difísil saber o propósito do novo ataque, já que analistas e especialistas consideram que o Boko Haram não dispõe dos meios necessários para conquistar uma cidade do tamanho de Maiduguri, que além disso se encontra fortemente protegida pela 7ª Divisão do Exército e por uma base da Força Aérea.
Por outro lado, as forças chadianas, que há duas semanas foram mobilizadas no norte de Camarões a pedido do país, libertaram com sucesso várias cidades fronteiriças que estavam sob o controle do Boko Haram há meses.
No sábado, forças terrestres do Exército do Chade, apoiadas por aviões de combate nigerianos e chadianos, libertaram Malam Fatori, na fronteira com Níger, após um ataque em massa sobre os principais esconderijos do Boko Haram na cidade.
Ao mesmo tempo, outra tropa do Exército chadiano, com ajuda técnica e logística de Camarões, começava seu avanço rumo a Gamboru, uma cidade nigeriana na fronteira entre Nigéria e Camarões.
Após dois dias de combates intermitentes e diversas missões aéreas, as autoridades chadianas confirmaram a morte de pelo menos quatro soldados e de mais de cem insurgentes, mas ainda não conseguiram expulsar os milicianos da cidade.
Os esforços coordenados de Nigéria, Camarões e Chade conseguiram fazer com que a coalizão regional voltasse a tomar a frente na luta contra o grupo islamita, que agora é obrigado a combater em vários locais ao mesmo tempo.
As notícias desses primeiros ataques conjuntos coincidem com a crescente pressão da União Africana para que os países da bacia do Lago Chade (Nigéria, Camarões, Chade e Níger) e Benin formem uma força regional de 7.500 soldados para lutar contra o Boko Haram.
O contingente multinacional, como já demonstrou a entrada em ação das forças chadianas, poderia representar um ponto de inflexão na interminável campanha contra o grupo islamita, que nos últimos anos causou milhares de vítimas e mais de um milhão de refugiados. EFE
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