Famílias desocupam pacificamente prédio no centro de São Paulo
Desde abril
Reintegração de posse centro de SPAs famílias que resistiam a uma reintegração de posse na região central de São Paulo começaram a desocupar pacificamente, por volta das 10h da manhã de hoje (17), o prédio localizada na rua Coronel Xavier de Toledo. A desocupação foi acompanhada pela Tropa de Choque da Polícia Militar.
Desde abril, 100 famílias moravam no edifício, incluindo mais de 50 crianças, integrantes do Movimento Autonomia Popular. De acordo com as lideranças do movimento, havia também um grande número de imigrantes e refugiados políticos.
Segundo a advogada das famílias, Kaelseny Medeiros, alguns moradores foram levados para a delegacia apenas para registro da ocorrência. Ela explicou que a resistência das famílias foi em protesto contra a decisão da juíza Jacira Jacinto da Silva de não enviar o caso ao Grupo de Apoio ao Cumprimento das Ordens de Reintegração de Posse (Gaorp).
O grupo foi criado no ano passado, após uma reintegração de posse violenta em um prédio que era ocupado na Avenida São João, no centro da capital. O Gaorp foi instituído pelo Tribunal de Justiça de São Paulo para tratar de casos complexos, com elevado número de famílias e pessoas em situação de vulnerabilidade.
De acordo com a advogada, o Gaorp tem representantes de todas as esferas de governo (municipal, estadual e federal). “Eles podem negociar soluções habitacionais mais permanentes, para não ficarmos lotando o judiciário com reintegrações de posse e tendo sempre a mesma resposta. Essas famílias podem ser removidas para locais onde elas possam permanecer com moradia”, disse ela.
O edifício de dez andares, fica em uma área de grande movimento, próximo ao Theatro Municipal e à prefeitura de São Paulo. O trecho da rua Xavier de Toledo, bloqueado para carros e pedestres, foi liberado há pouco. Uma multidão de curiosos e pessoas que chegam para o trabalho continuam em volta do cordão policial.
O imóvel pertence à empresa Administração e Representações Telles S.A. De acordo com o arquiteto ativista Arnaldo de Melo, que acompanha a situação das famílias, o prédio estava vazio há muitos anos, com apenas um zelador e sua família morando. “Tinha um escritório no 10º andar, mas a gente já sabe que o prédio estava vazio, todo detonado, todo sujo. Aqui chegavam contas de luz de apenas cinquenta reais, isso comprova a ociosidade do edifício na sua utilização”.
A advogada das famílias informou que estão marcadas 50 reintegrações de posse na capital paulista até o final deste ano. A previsão é que 22 mil pessoas sejam removidas. “Essas pessoas não vão desaparecer, assim como não vão para a rua. Esse problema tem que ser resolvido de forma a se procurar uma negociação com o poder público para uma solução definitiva. Ninguém mora em ocupação porque quer. Precisamos de uma política pública que atenda a essas pessoas”, declarou.
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