Fechamento de 12 garagens e 3 terminais dificulta manhã do paulistano

  • Por Agência Brasil
  • 21/05/2014 11h28
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Nenhum ônibus saiu das 12 garagens de cinco empresas de transporte público da capital paulista, na manhã de hoje (21), segundo a São Paulo Transportes (SPTrans). Motoristas e cobradores contrários à proposta de negociação salarial aprovada pelo sindicato da categoria esta semana fazem protestos desde ontem. Além das garagens, os terminais Lapa, na zona oeste; Capelinha, na zona Sul; e Parque Dom Pedro, na região central, permanecem com entrada e saída bloqueados, fazendo com que paulistanos tenham dificuldade para chegar ao trabalho nesta manhã.

Viviane Dias, 30 anos, chegou ao terminal de lotação por volta das 9h. Ela precisava ir à Higienópolis, na região central, para uma entrevista de emprego. “Não sabia que estava fechado. Nem posso pagar um táxi. Espero que eles entendam”, lamentou. A bancária Rita Vieira, que também demorou mais tempo para chegar em casa ontem, encontrou dificuldades hoje de manhã. “Moro em Guarulhos. Ontem, sai às 16h do trabalho e só cheguei em casa às 10h da noite. E ainda tive que pagar R$ 80 em um táxi. Agora, meu cunhado me deu uma carona até a estação”, disse.

Desde a manhã de ontem (20), motoristas e cobradores atuam para impedir a circulação de coletivos na cidade, estacionando veículos atravessados nas saídas dos terminais e nas ruas. De acordo com o secretário Municipal de Transportes, Jilmar Tatto, em muitos casos, as chaves dos ônibus foram jogadas e os pneus, furados. Pelo menos 13 terminais de ônibus dos 28 existentes foram bloqueados.

Muitos funcionários foram ao Terminal Lapa para acompanhar as negociações e saber se teriam que retomar o trabalho. Sem se identificar, um cobrador disse que sabe que o movimento é parte de uma disputa sindical, de um grupo que discorda da forma como a negociação foi feita. “Mas todo mundo aqui concorda com a questão. Por isso que as pessoas foram aderindo. É um absurdo esse aumento de 10%, se tirar a inflação que foi de 7%, fica quase nada”, avaliou.

Outra funcionária, que também não quis se identificar com medo de retaliação, disse que interrompeu a atividade ontem por volta das 10h30 depois que um homem entrou no coletivo e pediu que todos descessem. “Ele não se identificou. Disse que era para todo mundo descer senão ele ia colocar fogo. Eu fui a primeira a descer”, relatou. O fato ocorreu na Avenida Faria Lima, próximo ao metrô, onde muitos ônibus permaneciam estacionados no início da noite de ontem, bloqueando a avenida. Ela destaca, no entanto, que concorda com o movimento e que não retomará as atividades hoje.

Segundo o Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo, mais de 4 mil trabalhadores compareceram à assembleia na última segunda-feira (19) que aprovou a proposta de reajuste de 10% no salário, vale-alimentação mensal no valor de R$ 445, Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de R$ 850, melhoria dos produtos da cesta básica, 180 dias de licença-maternidade e reconhecimento da insalubridade, dando o direito à aposentadoria especial aos 25 anos de trabalho.

O secretário de finanças do sindicato, Edvaldo Santiago, avalia que o movimento é uma ação espontânea pelo descontentamento de alguns trabalhadores. “A proposta foi aprovada com quase unanimidade na assembleia e o reajuste foi considerado bom. A adesão ocorre porque há um movimento de protestos no Brasil inteiro e precisamos entender isso”, avaliou. Ele considerou equivocado, no entanto, que os trabalhadores tenham se organizado sem a participação do sindicato. “O sindicato está trabalhando para que as coisas voltem à normalidade”, declarou.

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