Fenabrave prevê queda de 10% nas vendas de veículos em 2015 com ajuste fiscal
As medidas de ajuste fiscal anunciadas pela nova equipe econômica levaram a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) a revisar para baixo a projeção de vendas de veículos e motocicletas neste ano. O presidente da entidade, Alarico Assumpção, prevê agora queda de 10% nos emplacamentos totais em 2015 ante 2014 – previsão mais pessimista do que o recuo de 0,43% projetado pela federação no início do ano.
O segmento de caminhões deverá ter o pior desempenho. Segundo Assumpção, a Fenabrave prevê agora recuo entre 14% e 15% neste ano na comparação com 2014, ante projeção anterior de -1,2%. Para automóveis e comerciais leves, ele revisou a projeção para -6%, queda maior do que os -0,5% previstos no início do ano. O executivo reconhece que esse desempenho ruim poderá provocar cortes pontuais de empregos nas concessionárias, embora não preveja “demissão em massa” como nas montadoras.
A nova previsão da Fenabrave é pior do que a da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Durante coletiva de imprensa no início do ano, a associação das montadoras anunciou que previa “estabilidade” nas vendas de veículos em 2015 ante 2014, quando os emplacamentos totalizaram 3,5 milhões de unidades (queda de 7,1% ante 2013). A projeção da Anfavea, contudo, não leva em conta os licenciamentos de motocicletas como a da Fenabrave.
Motivos
“Mediante o que a nova equipe econômica anunciou depois que apresentamos nossas projeções, alteramos nossas projeções e prevemos um primeiro semestre dificílimo e um segundo semestre difícil, com retomada do crescimento, ainda que moderado, somente a partir de 2016”, explicou o presidente da Fenabrave em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência EStado. Ele avalia que as medidas são um “remédio amargo embora necessário” para retomada do crescimento da economia brasileira.
O executivo afirmou que, além das medidas de ajuste fiscal, o desempenho ruim nas vendas de veículos e motos deverá ser consequência da paralisação da atividade econômica. Ele prevê que ao PIB vai crescer próximo de zero neste ano, após ser negativo em 2014. Soma-se a isso, acrescentou, confiança do consumidor baixa, endividamento familiar “pesado”, juros altos por conta inflação alta e restrição de crédito. “Isso tudo penaliza o comprador, porque torna o financiamento ainda mais caro”, argumenta.
Assumpção destacou que tem notado um crescimento dos financiamentos para compras de veículos de R$ 50 mil ou mais, em detrimento de queda no crédito para veículos de entrada (mais baratos). “Esse adquirente do veículo de R$ 50 mil é justamente aquele que tem cadastro mais bem avaliado pelos bancos”, afirma. O executivo prevê que a lei que facilita a retomada do bem, sancionada em novembro de 2014, só deverá ter algum efeito nas vendas a partir de 2016.
O executivo reconheceu que o principal fator considerado pelos bancos na hora de conceder o empréstimo é a capacidade de pagamento, mas defendeu que a facilidade da retomada do bem deverá ter algum efeito positivo. “Na hora em que se criar a cultura dessa lei, a partir de janeiro do ano que vem, vamos ter metade do prazo para retomada dos veículos, o que deve reduzir o custo do empréstimo pela metade”, argumenta. Ele projeta que a concessão de empréstimos poderá aumentar até 20%.
Empregos
O presidente da Fenabrave avaliou que a queda da demanda do setor deverá provocar alguns ajustes “pontuais” no número de empregados no setor de distribuição de veículos, mas ponderou que “não está no nosso radar demissão em massa”, como nas montadoras. De acordo com a Anfavea, só em janeiro deste ano, foram eliminados 404 empregos. Em todo o ano passado, foram eliminadas 12,4 mil vagas.
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