França reforça recursos antiterroristas para vigiar 3 mil pessoas
Paris, 21 jan (EFE).- O primeiro-ministro da França, Manuel Valls, anunciou nesta quarta-feira um aumento “excepcional” dos recursos humanos e materiais da luta antiterrorista diante da “mudança de escala” da ameaça, já que atualmente há “cerca de 3.000 pessoas a serem vigiadas” por vinculação ao jihadismo.
“O número de indivíduos radicalizados, que podem passar a agir, não para de aumentar”, e em um ano houve aumento de 130% nas redes dos que vão à Síria e ao Iraque para combater e que representam 1.300 pessoas a serem vigiadas, somadas a outros indivíduos envolvidos com outras redes terroristas, disse em entrevista coletiva.
Após adotar um pacote de medidas no Conselho de Ministros, Valls insistiu que “esta mudança de escala impõe medidas excepcionais e não de exceção”.
Ao todo, nos próximos três anos serão criados 2.680 novos empregos nos diversos serviços de combate ao terrorismo, e “a primeira urgência” será “reforçar os recursos humanos e técnicos” dos serviços secretos, que terão 1.400 soldados suplementares neste período, dos quais 1.100 desempenharão atividades antiterroristas.
No Ministério da Justiça, dispiosição de vagas subirá com 950 cargos nestes três anos, divididos entre os tribunais, a administração e a proteção da juventude.
A Polícia do Ar e de Fronteiras (PAF) se encarregará da iniciar a plataforma de dados dos viajantes aéreos. As unidades de luta contra o “ciberjihadismo” também contarão com recursos suplementares.
O Ministério do Interior, que contará com 233 milhões de euros suplementares em três anos, dedicará uma parte da verba a equipar as forças da ordem com coletes à prova de balas, incluindo os agentes municipais.
O custo total deste novo plano antiterrorista será de 425 milhões de euros durante estes três anos que, segundo Valls, não modificará os compromissos do Executivo em termos de redução do déficit público. Ou seja, que diminuirá a despesa em outras verbas do orçamento.
O chefe do governo socialista, que disse que “lutar contra a radicalização implica uma ação de grande amplitude”, afirmou que a experiência que está sendo realizada na prisão de Fresnes para concentrar os terroristas islâmicos em um módulo será ampliada a cinco centros.
O objetivo é controlar os terroristas com uma maior presença dos serviços de informação e “evitar a pressão na propagação do radicalismo” a outros internos. Também serão contratados 60 novos padres muçulmanos para os centros penitenciários.
Outra novidade será a inclusão em um arquivo, controlado pelos juízes, de todas as pessoas que foram condenadas por terrorismo, que serão obrigadas a declarar sua residência e qualquer mudança que fizerem, assim como viagens ao exterior.
Valls ressaltou que “a sociedade inteira tem que se mobilizar” para transmitir informação sobre pessoas em processo de radicalização.
Em relação ao objetivo dos jihadistas de minar “a diversidade e a coesão”, o governo francês lançará “uma política de cidadania, de reforço do laicismo e de luta contra o racismo e o antissemitismo”.
O primeiro-ministro não quis se precipitar sobre as reivindicações da oposição de mudar as leis para poder retirar a nacionalidade ou condenar os terroristas por indignidade nacional.
Por isso encomendou uma reflexão multipartidária às duas câmaras parlamentares para ter, em seis semanas, propostas “compatíveis com os direitos e valores”. EFE
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