Governo libanês consegue acordo que permite resistência contra Israel

  • Por Agencia EFE
  • 15/03/2014 10h23

Beirute, 15 mar (EFE).- Após um mês de negociações, o governo libanês do primeiro-ministro Tamam Salam chegou a um acordo que permite à população resistir à ocupação israelense, um compromisso intermediário sobre a polêmica posição do grupo xiita Hezbollah.

O programa do novo Executivo, que agora deve obter a confiança do parlamento, foi obtido em reunião que se prolongou até depois da meia-noite, informou neste sábado a mídia oficial libanesa.

A fórmula de compromisso adotada estipula que é “o dever do Estado realizar esforços para libertar, por meios legítimos, as fazendas de Chebaa, as colinas de Kfarchuba e a parte libanesa de Ghajar”, ocupadas por Israel. Prevê também que o cidadão libanês “tem direito a resistir à ocupação, rejeitar as agressões israelenses e recuperar os territórios ocupados”.

Hezbollah, o único grupo libanês que conta com uma milícia desde o fim da guerra civil, em 1990, defende que a resistência é necessária pela ameaça que representa Israel, embora seus opositores afirmem que esse trabalho corresponde apenas ao Estado.

No plano, não se menciona diretamente a resistência, como também não o ponto “cidade, Exército e resistência”, que aparecia nos planos dos Governos anteriores.

As principais reservas ao acordo foram expressadas pelo partido Kataeb, do ex-presidente Amin Gemayel, e o ministro da Justiça, Achraf Rifi, que argumentam que apenas o Estado deve ser a autoridade de referência.

O Kataeb anunciou que estudará neste sábado a manutenção de seus três ministros, o que privaria o Executivo de uma parte importante dos cristãos, já que o partido Forças Libanesas não quis participar ao considerar que o Hezbollah controla o Estado e impõe suas decisões.

A aprovação do programa do governo ocorreu ao término do prazo constitucional de um mês desde a formação do gabinete de Salam, em 15 de fevereiro, que se constituiu após mais de dez meses de bloqueio.

O chefe do parlamento, Nabih Berri, convocou neste sábado os deputados a examinarem o plano do governo na quarta e na quinta-feira da próxima semana.

Embora Israel tenha se retirado da maior parte do território do sul do Líbano em maio de 2000, após 22 anos de ocupação, o país ainda mantém sua presença nas áreas mencionadas de Chebaa, Kfarchuba e Ghajar.

O aumento da tensão é frequente entre os dois países, que se encontram tecnicamente em guerra. Nesta sexta-feira houve uma troca de disparo de projéteis, e Israel denunciou que uma bomba explodiu durante a passagem de uma de suas patrulhas fronteiriças. EFE

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.