Guarda Civil deixa escolas para atuar em florestas, cracolândia e contra camelôs

  • Por Estadão Conteúdo
  • 03/07/2016 09h26
“ENTREGA DE VIATURAS DA GUARDA CIVIL METROPOLITANA” DATA: 23/09/2013 – segunda-feira HORA: 10h30 LOCAL: Vale do Anhangabaú - Centro O Prefeito FERNANDO HADDAD, acompanhado do Senhor ROBERTO PORTO, Secretário Municipal de Segurança Urbana e do Inspetor GILSON MENEZES, Comandante Geral da Guarda Civil Metropolitana, participa da solenidade de entrega de viaturas à Guarda Civil Metropolitana e conhece as viaturas do Projeto “Crack é Possível Vencer”. João Luiz/SECOM Guarda Civil Metropolitana (GCM) - DIV

A gestão Fernando Haddad (PT) esvaziou o programa de segurança escolar feita por guardas-civis metropolitanos (GCMs). Desde 2013, primeiro ano de Haddad à frente da Prefeitura, guardas que monitoravam o entorno de escolas municipais de ensino fundamental, pré-escolas e creches têm sido deslocados para as outras atribuições, como policiamento florestal, acompanhamento do programa De Braços Abertos, na Cracolândia, e fiscalização do trânsito, entre outras funções. Neste ano, foi registrada o menor número de rondas de toda a gestão.

Nas escolas, os relatos são de abandono: moradores dizem que é comum ver traficantes oferecendo drogas aos alunos na frente das unidades. Bandidos usam facas e revólveres para roubar até crianças e os pais precisam apertar o orçamento para trocar o deslocamento a pé por transporte escolar. Mesmo nas escolas que ainda têm guarda, o efetivo é baixo e não trabalha todos os dias

Em 2013, 366 escolas eram atendidas pela ronda escolar. Neste ano, até junho, só 154 unidades eram contempladas por rondas da Guarda Civil, queda de 57,9%. Com a redução, o número de rondas (vezes em que uma unidade foi visitada) também caiu: em maio, dado mais atualizado, só 1.259 rondas foram feitas. No mesmo mês de 2013, foram 3.744 em toda a capital – diminuição de 66,3%, segundo dados obtidos pelo Estado.

Neste período, as atribuições da GCM se diversificaram. Foram criadas três inspetorias da guarda florestal, com um efetivo de 700 guardas-civis. Outros 250 guardas foram deslocados para o programa De Braços Abertos e 800 estão atuando no combate ao comércio informal, em substituição aos policiais militares que participavam da Operação Delegada.

GCM apreende mercadorias de ambulantes sem cadastro durante a XX Parada LGTB no final de maio (AE)

Além disso, desde setembro do ano passado, 80 guardas atuam com radares-pistola nas Marginais do Pinheiros e do Tietê, usados para fiscalizar motos.

O governo municipal admite que houve diminuição do programa escolar, mas promete chegar a 300 unidades atendidas por 800 GCMs a partir de agosto. A justificativa é que houve aumento das atribuições da guarda sem ampliação do efetivo. O secretário municipal de Segurança Urbana, Benedito Mariano, também promete nomear 500 GCMs dos 2 mil aprovados em concursos em 2013. A prioridade será reforçar a ronda escolar.

Para minimizar a falta de segurança, a Prefeitura tem oferecido aos guardas que fiquem em postos fixos nas escolas consideradas mais “problemáticas” nos dias de folga, o chamado “bico oficial”

O número de escolas com policiamento fixo aumentou – eram 52 unidades em 2013, ante 75 neste ano. Mas esta ação contempla parcela pequena da rede, que tem 1.424 unidades próprias e outras 2.025 conveniadas (administradas por entidades privadas). E há, no total, só 200 guardas nestes colégios – 3,3% do efetivo

Além disso, 553 escolas têm segurança privada, que cuida da preservação dos bens materiais, ao custo médio de R$ 15 mil por unidade, prioritariamente no período noturno. Nesta modalidade, os agentes não podem usar armas.

Para o presidente do Sindicato dos Guardas Civis Metropolitanos de São Paulo (Sindguardas-SP), Clóvis Roberto Pereira, o principal motivo para o esvaziamento é a redução no efetivo. “No final de 2004, tínhamos 6.183 GCMs e a principal atividade era o policiamento escolar. Hoje, são 6.005. Temos menor efetivo e muito mais atribuições. Você tem o cobertor curto e acaba priorizando uma coisa ou outra.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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