Incerteza domina campanha na Argentina a um mês das eleições

  • Por Agencia EFE
  • 27/09/2015 21h21

Buenos Aires, 27 set (EFE).- A menos de um mês das eleições gerais, os candidatos à presidência da Argentina levam adiante suas campanhas em um cenário incerto que ainda não permite vislumbrar um vencedor claro e com a possibilidade do segundo turno entre suas principais preocupações.

Para o governo, o objetivo está posto em alcançar o ansiado triunfo no próprio domingo, 25 de outubro, enquanto os dois principais candidatos opositores sonham em forçar um segundo turno no qual consigam derrotar o kirchnerismo.

Segundo publica neste domingo o jornal “La Nación”, Federico Aurelio, da empresa de consultoria Aresco, assegurou que “em termos de tendências e de intenções de voto, depois das primárias não mudou muita coisa”.

Até o momento, as pesquisas parecem replicar para o governo os números das primárias de 9 de agosto, quando o governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli, colheu os maiores apoios, com 38,67% dos votos.

Enquanto algumas pesquisas lhe dão para outubro um patamar próximo a 37% dos votos, outras projeções situam Scioli acima de 40%.

Estes números ainda não garantem a Scioli a consagração como presidente no mesmo dia das eleições, pois, além da vitória, requer pelo menos uma diferença de 10 pontos sobre o segundo candidato mais votado.

Nesse cobiçado segundo lugar está agora o conservador prefeito da cidade de Buenos Aires, Mauricio Macri, candidato da frente de coalizão opositora Cambiemos (Mudemos).

As enquetes dão a Macri intenções de voto que variam entre 26% e 30%. Esse último é o cenário mais esperado, pois o colocaria para concorrer com Scioli no eventual segundo turno de 22 de novembro.

A possibilidade de chegar ao segundo turno anima Macri, que viu nas últimas semanas diminuir o apoio conquistado nas primárias do Cambiemos – 30,12% entre os três candidatos que concorreram – por causa de um escândalo de corrupção que envolve a prefeitura portenha.

Para reverter a queda e reter os votos, Macri anunciou esta semana que, caso seja presidente, reservará o Ministério da Justiça para Ernesto Sanz, o candidato radical que participou da concorrência interna dessa frente opositora em agosto, mas perdeu para o prefeito portenho.

Além disso, assegurou que também tem planos para a deputada Elisa Carrió, a outro concorrente do Cambiemos que ficou fora da corrida presidencial após as primárias.

Atrás de Macri, mas crescendo nas enquetes, está o deputado Sergio Massa, ex-chefe de gabinete de Cristina Kirchner e hoje líder da opositora Frente Renovadora.

O rio de votos que a frente do peronismo dissidente liderado por Massa atraiu nas primárias – cerca de 20% – transformaram este deputado em alvo de especulações.

Apoiará Macri no segundo turno ou se aproximará de Scioli? Até o momento, o único movimento feito por Massa foi assegurar que é o único que pode vencer o kirchnerismo em novembro e tentar afugentar o fantasma da polarização.

Para a empresa de consultoria argentina Elypsis, enquanto as intenções de voto do partido governante Frente para a Vitória “se mantêm estáveis”, as do Cambiemos “registraram uma queda de entre 3% e 4% em setembro em relação aos registros de agosto”.

Esses pontos se distribuem, segundo a empresa de consultoria, entre Massa e a candidata de centro-esquerda Margarita Stolbizer, ambos “com tendência crescente”.

“Massa conseguiu evitar a diáspora natural dos votos das primárias para o chamado voto útil. Mesmo sem tradução em votos, vemos um crescimento de Massa”, disse Mariel Fornoni da empresa de consultoria Management&Fit ao “La Nación”.

“Falamos de um cenário totalmente aberto”, acrescentou o analista.

Enquanto isso, a presidente argentina se mostra ao lado de candidatos governistas a diversos cargos nas próximas eleições, com uma agenda própria que inclui inaugurações em campanha, anúncios de projetos de lei para enviar ao parlamento e críticas aos candidatos opositores.

Após um intenso calendário eleitoral, a Argentina ingressa finalmente na última etapa de um 2015 repleto de pleitos locais, provinciais e nacionais para renovar uma multiplicidade de cargos que vão desde legisladores municipais até o sucessor de Cristina depois de 12 anos de kirchnerismo no poder. EFE

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