Jihadistas do EI ocupam cidade de Sinyar e geram crise humanitária no Iraque
Bagdá, 3 ago (EFE).- O grupo jihadista Estado Islâmico (EI) tomou neste domingo a cidade de Sinyar e outras regiões do norte do Iraque, assumindo o controle de todas as passagens fronteiriças com a Síria, o que desencadeou uma crise humanitária denunciada pela ONU.
Os extremistas chegaram ao centro de Sinyar, situada a cerca de 100 quilômetros ao oeste da cidade de Mossul, após fortes confrontos com as forças curdas ou “peshmerga”, e hastearam a bandeira do EI em vários edifícios governamentais da cidade, disse à Agência Efe uma fonte de segurança.
Na sequência, os confrontos se estenderam às principais ruas da cidade, o que fez com que centenas de famílias abandonassem seus lares e propriedades, e fugissem em direção às montanhas da cidade por medo da ação dos jihadistas.
“Uma tragédia humanitária está ocorrendo em Sinyar”, afirmou hoje o representante especial da ONU no Iraque, Nikolai Mladenov, que mostrou especial preocupação com as condições dos deslocados, particularmente daqueles que ficaram nos montes, rodeados por combatentes extremistas.
A ONU assinalou que cerca de 200 mil civis, a maioria deles da comunidade yazidí, uma minoria religiosa curda, seguiram em direção às montanhas de Sinyar e agora precisam urgentemente de alimentos, água e remédios.
“Chamo todas as autoridades iraquianas, sociedade civil e atores internacionais para atuarem junto com as Nações Unidas para garantir essa assistência humanitária”, indicou Mladenov.
Mladenov insistiu na necessidade de que a vizinha região autônoma do Curdistão também facilite a entrada dos deslocados para que os mesmos possam receber ajuda.
Junto aos grupos insurgentes sunitas aliados, os radicais também assumiram o controle de regiões como Zemar, cidade que tomaram dos curdos ao noroeste de Mossul, e os campos petrolíferos de Ain Zala e Batma, próximos à fronteira com o Curdistão.
O acampamento de Tamarat al Kabir também foi ocupado pelo EI, assim como as cidades de Al Hanka, Bardia, Ein al “Fars”, Nazra, Tel Muz, Kerfer e Dumiz, entre outras.
Em Zemar, pelo menos 15 soldados curdos morreram e outros sete ficaram feridos em duros confrontos com os extremistas.
Em comunicado, o EI anunciou que já chegaram ao triângulo fronteiriço entre Iraque, Síria e Turquia, e que continuam suas batalhas nos arredores de Mossul.
Estes avanços do EI se somam à série de “conquistas” alcançadas em amplas partes do Iraque e Síria, as quais serviram de base para a formação do “califado islâmico”, declarado ainda no mês passado.
Além disso, o EI assumiu com o controle de Mossul, na província de Ninawa, no último dia 10 de junho em uma tentativa de se aproximar de Bagdá e destruir os santuários xiitas do país.
Para evitar o avanço insurgente, as tropas curdas anunciaram o início de uma operação militar para “a libertação” de Sinyar, embora as forças curdas tenham deixado a cidade.
Os “peshmerga” controlam praticamente todas as cidades que sempre estiveram em disputa com o governo iraquiana, como a cidade petrolífera de Kirkuk, também no norte do país.
As divisões entre as autoridades do Curdistão e as de Bagdá ficaram claras depois que as primeiras assumissem o controle dessas zonas em disputa após a retirada das forças governamentais iraquianas perante o avanço jihadista.
Por conta dessas divergências, o representante especial da ONU no Iraque pediu as duas partes reestabelecerem o mais rápido possível a “cooperação” para fazer frente à grave crise de segurança no país. EFE
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