Jovens trabalhistas noruegueses voltam a Utoeya quatro anos após massacre

  • Por Agencia EFE
  • 07/08/2015 11h38

Berlim, 7 ago (EFE).- Mil jovens noruegueses se reuniram nesta sexta-feira na pequena ilha de Utoeya para participar do acampamento de verão das Juventudes Trabalhistas, decididos a superar o trauma pelo massacre cometido há quatro anos nesse mesmo lugar pelo fundamentalista cristão e ultradireitista Anders Behring Breivik.

“Dia 22 de julho fará parte da história de Utoeya. Por tudo o que tivemos que passar. Todos esses dias difíceis. Mas este dia (hoje) também será sempre parte da história de Utoeya. O dia em que o acampamento das Juventudes Trabalhistas voltou a se reunir aqui”, ressaltou em suas boas-vindas o líder da organização, Mani Hussaini.

Em 22 de julho de 2011, após explodir uma caminhonete no bairro governamental de Oslo, que causou oito mortes, Breivik invadiu o acampamento da ilha e disparou indiscriminadamente, matando 69 pessoas, a maioria adolescentes.

Nos dois últimos anos a organização decidiu realizar sua reunião de verão na cidade de Gulsrud, mas, ressaltou Hussaini, “é bom estar de novo em casa”.

Utoeya, a cerca de 40 quilômetros de Oslo, é propriedade das Juventudes Trabalhistas desde 1950, quando foi doada por uma confederação sindical norueguesa.

O acampamento, com uma participação recorde este ano e vigilância policial, acontecerá até domingo. Esta manhã contou com a presença do secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, primeiro-ministro na época do massacre.

Se unirá a eles hoje a ex-primeira-ministra, Gro Harlem Brundtland, que em 22 de julho de 2011 tinha estado nesse mesmo acampamento, quando fez um discurso para os presentes pouco antes da tragédia.

A maioria dos jovens que participam desta edição do acampamento estão aqui pela primeira vez, segundo a imprensa local, mas também há alguns dos sobreviventes da tragédia de 2011.

Embora a maioria dos edifícios tenha sido renovada, pouco mudou em Utoeya nos últimos quatro anos, depois de as Juventudes Trabalhistas desistirem de demolir alguns dos cenários mais sangrentos do atentado.

Segue de pé, por exemplo, a cafeteria e a chamada casinha de bombeamento, onde se refugiaram muitos dos jovens que participavam do acampamento após ouvir os disparos; Breivik matou 13 pessoas no primeiro e 14 no segundo.

Em 22 de julho deste ano a Noruega lembrou as 77 vítimas mortais do massacre, um ataque a toda a Noruega e ao seu modelo de sociedade aberta, uma ação “covarde e miserável”, como afirmou a primeira-ministra, Erna Solberg.

A comemoração do quarto aniversário foi precedida de polêmica, por causa da inauguração do “Centro 22 de Julho”, uma exposição que permanecerá aberta ao público no bairro governamental durante cinco anos, e que exibe vestígios do massacre.

Ali estão, entre outros objetos, os destroços da caminhonete que Breivik detonou em Oslo, a placa policial que levava quando chegou uniformizado ao acampamento juvenil e alguns dos telefones com os quais as vítimas tentaram pedir socorro.

Breivik foi condenado a 21 anos de prisão prorrogáveis de forma indefinida, pena máxima que pode equivaler à prisão perpétua na Noruega, e cumpre pena na prisão de Skien, no sul de Oslo. EFE

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