Mãe processa Estado francês por ter permitido que seu filho fosse para Síria
Paris, 8 dez (EFE).- Uma mãe está processando o Estado francês por considerá-lo responsável por não ter impedido que seu filho mais novo deixasse a França em um avião sem autorização dos responsáveis e passaporte rumo à Turquia, onde em seguida seguiu para a Síria e se integrou ao movimento jihadista.
“É um menor que foi autorizado a marchar para uma zona de combate, de conflito armado”, disse nesta segunda-feira à emissora “France Info” Samia Maktouf, advogada da mãe, identificada como Nadine D., que fez a denúncia em meados de novembro no Tribunal Administrativo de Paris.
Maktouf acrescentou que sua cliente pede “investigações para compreender por que aconteceu esta disfunção e por que o menor não foi impedido de seguir para o inferno”.
Quando deixou a França, o filho de Nadine D. tinha 15 anos e possuía apenas carteira de identidade.
Em entrevista publicada hoje no jornal “Le Parisien”, a mãe reconheceu que a lei autoriza um menor viajar para a Turquia, mas considerou “aberrante” que seu filho tenha passado pelos postos de controle com uma simples carteira de identidade, sobretudo levando em conta que este país é conhecido por ser um ponto de saída para a Síria.
“Levando em conta a atualidade, a polícia de fronteiras teria que pelo menos ter desconfiado ao ver um menor sozinho indo para este destino”, comentou.
Nadine D. acrescentou que a liberdade de viajar sozinho precisa ter como contrapartida uma ação policial para minimizar situações de risco. “Considero o Estado responsável pela saída do meu filho”, afirmou
. A mãe disse que se mantém em contato com ele pelo Facebook e por Skype, mas está convencida de que as conversas estão sendo vigiadas, já que seu filho se limita a tranquilizá-la e a dizer que “não faz nada ruim”.
Nadine D. afirmou que sua família é católica e que o adolescente tinha começado a se interessar pelo islamismo por influência de amigos de escola. Segundo ela, seu comportamento não mudou, apenas pelo fato de se negar a comer carne de porco.
Uma tarde disse que iria dormir na casa de um amigo e, ao não ter notícias suas no dia seguinte, soube por outras mães do bairro onde mora que seu filho, ao lado de mais dois ou três colegas, tinha ido para a Turquia com o objetivo de seguir para a Síria.
Na noite do mesmo dia, o menor ligou para dizer que estava na Turquia e que iria para a Síria para realizar atividades “humanitárias”.
O Ministério do Interior afirmou que um menor pode viajar sem carteira de identidade, e que como não havia nenhum tipo de notificação dos pais, não havia razão para impedir a entrada no avião.
Segundo confirmou ontem à noite o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, cerca de mil franceses têm envolvimento com grupos jihadistas que combatem na Síria e Iraque. EFE
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