Mais de 264 mil imigrantes chegaram à Europa pelo Mediterrâneo em 2015
Isabel Saco.
Genebra, 18 ago (EFE).- O número de imigrantes e refugiados que chegaram à Europa pelas diferentes rotas do Mar Mediterrâneo superou a marca de 264 mil, com uma alarmante aceleração dessa crise na Grécia, que recebeu cerca de 21 mil pessoas só na semana passada, conforme revelou a ONU.
O forte aumento de refugiados nas ilhas gregas, que já somam 160 mil, acelerou a crise e superou a barreira dos 250 mil imigrantes e refugiados duas semanas antes do previsto.
Em julho a Grécia recebeu 50 mil imigrantes e solicitantes, mais que durante o ano passado inteiro, quando a soma totalizou 43,5 mil pessoas.
Dos 21 mil da semana passada, os sírios foram quase 17 mil, seguidos de muito longe por afegãos (2.847, 14%) e iraquianos (582, 3%). As três nacionalidades, de países que sofrem com longos conflitos armados, indica que a maioria será considerada como refugiados, de acordo com o direito internacional.
Entre o 1º de janeiro e 31 de julho deste ano, 1.716 imigrantes entraram na Grécia por via terrestre, através da fronteira com a Turquia, segundo as estatísticas divulgadas pela Agência das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).
Enquanto isso, quase 104 mil imigrantes conseguiram chegar à Itália desde o início do ano até ontem. Os que alcançam o território – também pelo Mediterrâneo – são, na maioria, pessoas que saíram da África Subsaariana.
A ONU alerta há meses sobre a agravante situação da imigração na Grécia e do constante aumento das chegadas, mas as atenções ficaram voltadas para a Itália devido aos frequentes naufrágios e o grande número de mortes de imigrantes que tentavam atravessar o Mediterrâneo ao sair da Líbia.
Diante da atual situação, a Grécia ficou sobrecarregada pelas necessidades dos recém-chegados e incapaz de dar uma resposta eficiente ao problema, em grande parte devido à crise econômica que atravessa.
“A situação é resultado da falta de condições de recepção. Há um gargalo porque as pessoas precisam ser registradas pela polícia, mas a corporação está totalmente sobrecarregada e trabalha 24 horas ao dia”, explicou em entrevista coletiva o porta-voz do Acnur, Willian Spindler.
Pelo lado dos refugiados, “a situação também é muito frustrante. Alguns esperam 15 ou 20 dias em condições inadequadas e em muitos casos não recebem nem a assistência mais básica, portanto querem deixar as ilhas (gregas) o mais rápido possível”.
Os problemas de comunicação, devido ao idioma, contribuem para os desentendimentos entre a polícia e os imigrantes, por isso o organismo da ONU enviou intérpretes de árabe e outras línguas para tentar resolver este problema.
Os tradutores também estão presentes no navio enviado pelo governo grego à ilha de Kos para ajudar as autoridades a iniciarem um sistema de registro de refugiados e transferí-los a Atenas.
No entanto, Splinder lembrou que as condições na capital grega são “tão ruins como na ilha, então transferir os imigrantes não vai a melhorar a situação”.
“Temos que melhorar as condições em Atenas e, em vez de tentar conduzir a situação em uma ilha, tentar solucioná-la em nível de toda a região, não só na Grécia, mas também na Macedônia, na Sérvia e na Hungria”, afirmou.
Os refugiados que chegam à Grécia deixam o país em questão de dias, de modo a seguir viagem rumo ao restante da Europa.
“Por este motivo, a Europa precisa se unir, assumir um papel de liderança e coordenar uma resposta. Obviamente, o governo grego tem a responsabilidade pelo que acontece em seu território, mas precisa de recursos (europeus)”, ressaltou Splinder. EFE
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