Marina Silva e a chance de ser profeta na própria terra

  • Por Agencia EFE
  • 02/10/2014 19h04
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Alba Santandreu.

Rio Branco, 2 out (EFE).- “É difícil ser profeta na própria terra”, disse Marina Silva ao explicar sua derrota eleitoral em 2010 no estado natal, o Acre, mas no próximo domingo tem tudo a favor para ganhar “em casa”, o que se trata de uma questão de orgulho para a candidata.

Apesar de o Acre ser seu berço político, Marina Silva perdeu no estado em 2010 quando disputou a presidência pelo PV, mas desta vez, no PSB, lidera com ampla vantagem as pesquisas de intenção de voto. No mapa nacional, Marina tem grandes chances de disputar o segundo turno contra a presidente Dilma Rousseff, favorita nas pesquisas.

No último pleito, Marina obteve no Acre 23,55% dos votos, ficando atrás tanto de José Serra, do PSDB (52,12%) como de Dilma, do PT (23,92%). Em todo o país, Marina somou 19,33% e terminou em terceiro lugar.

Agora, em sua segunda tentativa por governar o país, a situação em sua terra é diferente, e as últimas pesquisas dizem que ela receberá cerca de 50% dos votos acreanos.

“Votarei na Marina porque é a melhor candidata. Porque mostra dedicação e tem afinidade com nosso estado”, disse à Agência Efe Clemilda Souza, uma funcionária da Igreja Messiânica de Rio Branco, que ainda agradece ao fato de a ex-ministra do Meio Ambiente ter ido ao velório de sua irmã.

O taxista José do Nascimento, que disse ter conhecido o pai da candidata há 18 anos, considera que tanto ele como a filha “são boa gente”.

“A esperança está em Marina. Nosso estado é pequeno, e se ela ganhar, pode ser que olhe para cá”, argumentou, sereno, enquanto indicava o lugar do convento no qual a ex-senadora chegou a se preparar para ser freira quando era jovem – mas depois se converteu evangélica.

Em uma recente entrevista, a candidata do PSB atribuiu o mau resultado de 2010 em sua terra natal ao fato de não pertencer à “oligarquia” da região.

“Não sou filha de um político tradicional nem de um empresário”, ressaltou Marina, de 56 anos que nasceu em uma família humilde de Breu Velho, uma zona rural produtora de borracha onde contraiu malária cinco vezes.

Para o cientista político Nilson Euclides, da Universidade Federal do Acre (UFAC), as eleições de 2010 foram em “um contexto diferente”, no qual Marina não se apresentava “como uma candidata real capaz de fazer oposição” ao PT, no qual a ex-senadora começou sua vida política.

“Em 2010 havia uma polarização entre o PSDB e o PT, e Marina era uma terceira via. Ela teve pouco espaço para crescer, e o PSDB estava muito estruturado. Além disso, Marina tinha saído recentemente do PT”, comentou Euclides.

Longe da análise política, Paulo, de 28 anos e que trabalha em um hotel, resumiu em poucas palavras o mau resultado da candidata em 2010: “o Acre não acreditava nela”.

Agora, no entanto, o jovem diz que votará em Marina para acabar com o que chamou de “monopólio” do PT.

Ao contrário das últimas eleições, Euclides acredita que, para o pleito de domingo, Marina Silva aparece como uma “candidata viável”, fortalecida pela comoção gerada após a morte em um acidente aéreo do até então candidato do PSB, Eduardo Campos.

“Agora, o eleitor daqui está orgulhoso de poder ter uma acreana como presidente”, afirmou o acadêmico. EFE

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