Mercosul respalda à Argentina em sua primeira cúpula com todos os presidentes

  • Por Agencia EFE
  • 29/07/2014 21h43
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José Luis Paniagua.

Caracas, 29 jul (EFE).- Os países do Mercosul deram nesta terça-feira um firme respaldo à Argentina em seu litígio com os fundos especuladores na primeira cúpula deste bloco que contou com os presidentes dos cinco Estados-membros.

Após um ano de presidência venezuelana, o dobro do previsto pelos problemas de agenda para realizar há seis meses a reunião de hoje, os presidentes do Paraguai, Horacio Cartes, e da Venezuela, Nicolás Maduro, se encontraram pela primeira vez em uma cúpula do Mercosul.

O Paraguai havia sido suspenso em meados de 2012 como membro do bloco após a controvertida cassação de Fernando Lugo como presidente, uma ruptura emendada há um ano com a chegada ao poder de Cartes, mas que ainda não tinha sido traduzida em uma reunião com todos os governantes.

“Ficamos muito contentes pela cúpula histórica do Mercosul (…). Nesta data se inicia uma nova etapa”, declarou Maduro a jornalistas após receber posteriormente o presidente do Paraguai no primeiro encontro em Caracas de líderes de ambos países após o ingresso da Venezuela no bloco em coincidência com a suspensão do Paraguai.

Com a presença de Cartes e Maduro, e a da presidente Dilma Rousseff, além dos líderes de Argentina, Cristina Kirchner, e Uruguai, José Mujica, o Mercosul reafirmou seu propósito integrador e a necessidade de seguir avançando para encontrar soluções comuns no terreno econômico.

Todos cerraram fileiras ao redor da Argentina em sua disputa com os chamados fundos abutre, enquanto Cristina insistia em sua oferta “a esses 7,6% que não participaram das trocas” para que aceitem as condições de seu país e tenha “uma taxa de retorno de quase 300% em dólares”.

“Não estamos negando nem pedindo que ninguém nos presenteie nada, simplesmente queremos definitivamente terminar com isto, porque não foi culpa nossa que não tenham participado das trocas, porque houve rodadas e negociações em 2002 e 2003 em diante praticamente por todo o mundo”, disse a presidente argentina.

Dilma se mostrou taxativa ao criticar os especuladores e defender a Argentina frente a um problema que, segundo disse, afeta todo o sistema econômico.

“Não podemos aceitar que a ação de alguns especuladores ponha em risco a estabilidade e o bem-estar de países inteiros”, comentou.

A situação da Palestina também alcançou consenso em relação à necessidade de um cessar-fogo, que Brasil, Argentina, Uruguai e Venezuela elevaram à condenação “enérgica” pelo “uso desproporcional da força por parte do exército israelense na Faixa de Gaza”, e também condenaram “qualquer tipo de ações violentas contra povoações civis em Israel”.

Ao fazer uma balanço do andamento do Mercosul e empregando sua habitual eloquência, Mujica pediu mais vontade política para avançar na integração e aproveitar as oportunidades que podem ser oferecidas por países como a China.

“Mas, por sua vez, sabemos que neste mundo os peixes pequenos têm que tomar cuidado com os peixes grandes e, por isso, temos que estar juntos”, opinou.

Dilma também fez alusão ao andamento do processo de integração destacando os avanços alcançados e a necessidade de aprofundar os processos internos.

Em seu discurso, a presidente lembrou também do processo de negociação entre Mercosul e a União Europeia, afirmando que a bola está agora em posse do bloco comunitário europeu e advertiu que “só poderá prosperar” um acordo com um equilíbrio entre o que as duas partes exigem e oferecem.

Por sua parte, o presidente da Bolívia, Evo Morales, agradeceu a vontade dos membros do Mercosul para que seu país complete o processo de integração pleno ao organismo, defendendo também a necessidade de reunir forças perante os desafios que têm pela frente.

“Todos buscamos uma integração econômica, territorial com vias de integração, uma integração de libertação (…) que passa por terminar com a injustiça social”, afirmou.

Após 12 meses de presidência do bloco, que mostraram como resultado mais destacado para Caracas o avanço na criação de uma zona econômica com outros mecanismos como a Aliança Bolivariana (Alba) e a Petrocaribe, Maduro pediu a todos para “repotencializar” o papel do Mercosul.

“É a hora da América do Sul, é a hora da nossa região pensar grande”, concluiu o presidente venezuelano. EFE

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