Mesmo com cessar-fogo, paz continua longe de chegar ao leste da Ucrânia

  • Por Agencia EFE
  • 16/02/2015 18h51

Boris Klimenko.

Kiev, 16 fev (EFE).- Apesar de o cessar-fogo entre Kiev e pró-russos ter entrado em vigor há dois dias, os confrontos na região de Debaltsevo, no leste da Ucrânia, não terminam e colocam em perigo todo o processo de paz firmado na semana passada, na cúpula de Minsk.

O comando militar ucraniano informou nesta segunda-feira que cinco soldados morreram entre as manhãs de domingo e de hoje em combates com as milícias pró-Rússia.

Segundo o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional e Defesa da Ucrânia, Andrei Lisenko, os insurgentes atacaram 88 vezes as posições governamentais em Debaltsevo, estratégica cidade onde milhares de soldados ucranianos estão praticamente cercados pelos separatistas.

Embora a intensidade dos combates tenha diminuído nas últimas 48 horas, de acordo com os dois lados do conflito e os observadores internacionais, Debaltsevo é a exceção que pode jogar por terra os esforços para dar fim à guerra no leste da Ucrânia.

Kiev acusou os rebeldes de tentarem tomar o controle da cidade “a qualquer preço” nesta segunda-feira, enquanto os pró-Rússia declararam que as tropas do governo não desistiram de romper o cerco em que caíram após a ofensiva iniciada pelas milícias em janeiro.

Logo após a assinatura dos acordos de Minsk, no dia 13 de fevereiro, o presidente russo, Vladimir Putin, disse que a principal ameaça ao cessar-fogo era a situação em Debaltsevo, situada na região de Donetsk.

Os separatistas, que garantem ter cercado aproximadamente oito mil soldados ucranianos na região, aceitam abrir um corredor humanitário para permitir a saída de seus inimigos, mas querem que as armas sejam abaixadas, incluindo o armamento pesado com o qual os ucranianos atacaram as posições rebeldes.

Tanto Kiev como os pró-Rússia querem que a estratégica cidade faça parte de seu território e não parecem dispostos a ceder. A tomada de Debaltsevo permitiria aos rebeldes controlar a fronteira administrativa da região de Donetsk, vizinha à também rebelde Lugansk.

Embora muitas minas tenham ficado inutilizadas após os bombardeios, o carvão é o principal ativo da autoproclamada República Popular de Donetsk, e o centro de comunicações de Debaltsevo seria crucial para seu transporte.

Quando os combates recomeçaram em janeiro, os rebeldes fixaram Debaltsevo e, em menor medida, o porto de Mariupol como alvos fundamentais para garantir a viabilidade de suas repúblicas como partes autônomas e independentes.

Por esse motivo, o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, considera Debaltsevo como uma linha vermelha que não pode ser atravessada e ordenou a seus generais que em hipótese alguma cedam as posições.

Enquanto os combates continuam, os dois lados estão a ponto de descumprir o roteiro estabelecido nos acordos de Minsk ao se negarem nesta segunda-feira a iniciar a retirada do armamento pesado das linhas de frente, cujo recuo deveria começar em, no máximo, 48 horas depois do cessar-fogo.

O armamento pesado “será retirado em caso de cumprimento dos Acordos de Minsk. Por enquanto, tais condições não foram cumpridas”, disse nesta segunda-feira Eduard Basurin, número dois do comando militar da autoproclamada República Separatista de Donetsk.

“A condição para a retirada do armamento pesado da linha da frente é o cumprimento do primeiro ponto dos acordos de Minsk, o cessar-fogo. E 112 ataques não é um cessar-fogo”, disse Lisenko.

Segundo os acordos de Minsk, as peças de artilharia com mais de 100 milímetros de calibre devem ser retiradas de uma zona de 50 quilômetros, enquanto as plataformas de lançamento de mísseis Tornado, Uragán e Smerch e os sistemas de mísseis táticos Tochka têm de ser recuados de uma faixa de 140 quilômetros de comprimento.

O documento, elaborado em forma de roteiro, também inclui a troca de prisioneiros, o restabelecimento do controle de Kiev sobre a fronteira entre Rússia e Ucrânia, o desarmamento e a saída do país de todos os grupos armados e mercenários estrangeiros que estiverem na zona de conflito. EFE

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