Morre aos 110 anos a pianista Alice Herz-Sommer, sobrevivente do Holocausto
Londres, 24 fev (EFE).- A pianista tcheca Alice Herz-Sommer, a sobrevivente mais velha do Holocausto, morreu no último domingo aos 110 anos em um hospital de Londres após ser internada na sexta-feira, informou a família à imprensa.
“Alice morreu em paz nesta manhã com sua família”, disse seu neto, Ariel Sommer, que pediu privacidade à imprensa.
A conhecida concertista nasceu em Praga, em família judia, e passou dois anos no campo de concentração de Theresienstadt, na cidade homônima, após a Segunda Guerra Mundial.
Sua história de sobrevivência e sua paixão pela música estão reunidas em um curta intitulado “The Lady in Number 6: Music Saved My Life”, uma produção dirigida por Malcom Clark e indicada ao Oscar de melhor documentário em curta-metragem na edição do prêmio que será realizada no próximo domingo.
Alice, que aprendeu a tocar piano aos 5 anos de idade, foi para o campo de concentração em 1943 com o filho e o marido – que não voltou a ver porque foi transferido para Auschwitz.
Durante sua reclusão, a pianista organizou e participou de “mais de 150 concertos”, junto com outros prisioneiros que eram “excelentes músicos”, contou Alice em entrevista ao jornal britânico “The Guardian” em 2006.
Após sua libertação, ela voltou para Praga como sobrevivente e depois se mudou para Israel. Aos 83 anos, foi morar em Londres com seu filho Rafael, que é violoncelista.
Aos 102 anos, Alice contou que tocava o piano “pontualmente às 10 da manhã” durante três horas, e que o “segredo” de sua sobrevivência era seu “temperamento, otimismo e disciplina”, lembrou hoje a imprensa britânica.
“Busco o lado bom da vida. Conheço as coisas ruins, mas busco só as boas”, acrescentou à época a sobrevivente, que era amiga de personalidades como o escritor existencialista Franz Kafka.
Suas memórias também estão reunidas no livro “Um Século de Sabedoria”, de Caroline Stoessinger, que narra as lutas e as vitórias de Alice em mais de um século de vida.
A pianista chegou a dizer que “o mundo é maravilhoso, está cheio de beleza e de milagres”. EFE
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