Morro da Mineira tem campo de futebol com nova tecnologia de energia

Os moradores do Morro da Mineira, no Catumbi, zona central do Rio de Janeiro, já podem usar um campo de futebol que funciona com fonte moderna de iluminação. Sob o gramado foram instaladas 200 placas de energia cinética que, conjugadas a painéis de energia solar, instaladas próximo à quadra, mantêm os refletores do campo acesos à noite. As placas geram energia a partir da movimentação dos jogadores no gramado.

O projeto é uma parceria da prefeitura do Rio de Janeiro, por meio do Programa Rio + Social, do Instituto Pereira Passos, e da empresa de energia Shell. O presidente da companhia, André  Araújo, disse que mais do que incentivar a formação de novos jogadores de futebol, a ideia é desenvolver nas crianças e adolescentes da comunidade o interesse pela ciência.

Segundo ele, os estudos apontam que para atender a demanda do mundo por energia, até 2050, vai ser preciso produzir mais 75% dos níveis atuais. Isso impõe dois desafios, no seu entender: investimentos em novas fontes de energia e incentivo ao aparecimento de mais cientistas para o setor. “O nosso foco hoje é fazer com que a juventude esteja motivada para a ciência”, completou.

O engenheiro que desenvolveu a tecnologia, Laurence Kembll-Cook, disse que é a primeira vez no mundo que a tecnologia é utilizada em um campo de futebol. “Para nós foi maravilhoso ter a acolhida tão calorosa da comunidade. Na prática nós tornamos essa comunidade um experimento científico. Enquanto estávamos fazendo a instalação das placas, as crianças, fazendo uso do que aprenderam nas escolas, nos ajudaram, assim como se aquela aula de ciências não tivesse parado. Acredito que os empreendedores não devem seguir regras, mas transpor todas as barreiras”, contou.

Edson Arantes do Nascimento, Pelé, também participou da inauguração, e lembrou que encerrou a carreira em um campo de grama sintética nos Estados Unidos, e disse que o campo do Morro da Mineira tem o mesmo tipo de cobertura. Além disso, na mesma época defendeu que houvessem mais investimentos no desenvolvimento das crianças, e hoje estava juntando as duas situações ao participar como embaixador do projeto.

O professor de Educação Física, André Rodrigues, é responsável pelo projeto de esportes no campo, que tem 300 inscritos, entre 7 e 17 anos. Ele nasceu na localidade e já enfrentou muitas dificuldades para continuar com as atividades na quadra. “Antes da instalação das placas, nosso campo tinha um monte de buracos e às vezes ficava muito tempo sem luz. A grade também era cheia de furos e os portões às vezes emperravam. Agora, a gente vai poder ter diversão até à noite”, disse ele.

Juan César Fernandes Lima, de 12 anos, estuda pela manhã e faz parte do projeto no turno da tarde. Para ele, é interessante saber que vai colaborar para a geração de energia no campo. “É muito bom, e a gente correndo vai dar mais energia. Meu professor me falou como é que vai funcionar a placa, e a gente viu o gringo [engenheiro inglês, autor do projeto das placas de energia] testando”, brincou.

O presidente da Associação de Moradores da Mineira, Pedro Paulo Ferreira, disse que durante um tempo ele manteve o projeto de iluminação em sigilo para a comunidade, porque em outras ocasiões os moradores ficaram frustrados com promessas não cumpridas. “Outros vinham aqui, mediam, tiravam fotografia e, no final, ninguém executava nenhum projeto, nenhum trabalho. Então, era muito frustrante”, revelou.

Pedro Paulo pediu que a Shell leve os benefícios para localidades próximas e instale outros campos de futebol. Mas por enquanto isso não está nos planos da companhia. “O grande objetivo desse projeto e da primeira atividade que fizemos é para ajudar a despertar o desejo e a paixão pela ciência. É possível que a gente busque outras alternativas, mas hoje não poso garantir que a gente vai ter outras atividades aqui no Morro da Mineira”, informou o presidente da Shell.

Editor Stênio Ribeiro