Alemanha tem novo chanceler após 16 anos de Angela Merkel; veja distribuição de ministérios

Olaf Scholz, do Partido Social-Democrata, assume cargo ao lado de membros dos partidos Verde e Liberal do país europeu

  • Por Lorena Barros
  • 08/12/2021 07h00
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Odd ANDERSEN / AFP Olaf Scholz, novo chanceler da Alemanha Olaf Scholz toma cargo de Angela Merkel nesta quarta-feira, 8

Com a aprovação do Parlamento, a Alemanha encerra nesta quarta-feira, 8, a era de governabilidade de Angela Merkel, no poder desde 2005, e dá espaço para um novo chanceler, que deve liderar o país com posicionamentos de centro-esquerda. Olaf Scholz, de 63 anos, já fez parte do governo alemão como vice-chanceler e se candidatou ao cargo de Merkel pelo Partido Social-Democrata, legenda que ganhou 25,7% dos votos no mês de setembro. Após quase três meses de negociação em um sistema político que só permite a posse daquele que formar maioria no Bundestag, Scholz se uniu a outros dois partidos para viabilizar seu governo: os verdes e os liberais. Os nomes escolhidos para assumir 16 ministérios em cargos de alto escalão foram divulgados e, em um movimento em direção à diversidade, ele sinalizou que dividirá as cadeiras entre oito homens e oito mulheres.

Como o partido do novo chanceler fazia parte da coligação que elegeu Angela Merkel, alguns nomes do governo dela continuarão a formar o alto escalão alemão em 2022. O Ministério do Trabalho e Assuntos Sociais continuará sendo comandado por Hubertus Heil, do Partido Social-Democrata, e a pasta da Chancelaria será dada a Wolfgang Schmidt, considerado homem de confiança de Scholz e ocupante de cargo de Secretário de Estado no Ministério Federal das Finanças do país desde 2018. A ministra da Justiça, Christina Lambrecht, irá para a pasta da Defesa; a filósofa Nancy Faeser vai para o Ministério do interior; Klara Geywitz, vice-presidente do partido de Olaf, comandará o Ministério da Habitação; e Svenja Schulze, que foi ministra do Meio Ambiente de Merkel, será alocada para a pasta de Ajuda ao Desenvolvimento. O nome do ministro da Saúde, o mais aguardado devido à crise da Covid-19, foi o último a ser anunciado. Quem assume a pasta é o epidemiologista Karl Lauterbach, que terá como uma das principais decisões a polêmica obrigatoriedade da vacina defendida por Scholz, já que a Alemanha, com menos de 70% da população vacinada, tem uma das menores taxas de imunizados da Europa.

Fora do SPD, a candidata do Partido Verde para o cargo de chanceler, Annalena Baerbock, será ministra das Relações Exteriores, e o co-presidente do partido, Robert Habeck, vai liderar a pasta de Economia e Proteção do Clima e assumir o cargo de vice-chanceler do país. Além deles, outros três verdes terão assentos no governo: Cem Özdemir, na Agricultura; Anne Spiegel, Família, Mulher e Juventude; e, como previsto por analistas, Steffi Lemke, no Ambiente. O líder dos liberais, Christian Linder, assumirá o Ministério das Finanças; Volker Wissig, o dos Transportes, Marco Buschmann, o Ministério da Justiça, e Bettina Stark-Watzinger, a pasta da Educação. O papel dos liberais no governo de centro-esquerda é uma questão que levanta dúvidas sobre o governo atual. “Merkel é muito ortodoxa no ponto de vista econômico, e o Scholz vai buscar, até por ser de centro-esquerda, uma participação maior do Estado, uma política social mais intensa. Uma das bandeiras dele é o aumento do salário mínimo. Isso vai de encontro um pouco com os verdes, embora não totalmente. Os verdes apoiam essas causas mais sociais, e os liberais já defendem um Estado menor, atuando menos na economia. Isso pode ser, digamos, um obstáculo, mas são obstáculos transponíveis e normais a um regime parlamentarista”, analisa o professor Marcelo Balloti Monteiro, do curso de ciências econômicas da Universidade Anhembi Morumbi.

Apesar das declarações em prol do salário mínimo feitas por Scholz, um acordo feito pelos três partidos antes de firmar a coalizão determinou que os impostos já existentes no país não aumentariam. Outra condição imposta pelos liberais foi de que o Estado não poderá tomar mais de 0,35% do PIB do país por ano como uma forma de evitar o endividamento. Apesar disso, a expectativa internacional é de que as partes consigam dialogar e formar um governo fluido como o dos anos da União Democrata Cristã de Angela Merkel. “As negociações foram bastante explícitas, então se deixou muito claro o que o Scholz quer. Os liberais colocaram na mesa o que eles desejam, os verdes também e conseguiu se formar uma coalizão bastante interessante. É uma coalizão heterogênea, a Alemanha ganha com isso”, pontua Monteiro.

Veja, abaixo, a distribuição de pastas do novo governo da Alemanha:

 

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