Aos 100 anos, ex-guarda de campo de concentração nazista é julgado na Alemanha

Homem, que não teve nome revelado, é acusado de ser cúmplice na morte de mais de 3 mil pessoas entre os anos de 1942 e 1945

  • Por Jovem Pan
  • 07/10/2021 14h51
Travelinho/Creative Commons entrada do campo de concentracao Sachsenhausen Guarda cuidava do campo de concentração de Sachsenhausen

Uma corte regional na cidade de Neuruppin, no norte da Alemanha, começou nesta semana o julgamento de um homem de 100 anos que trabalhou como guarda no campo de concentração de Sachsenhausen, ativo entre os anos de 1936 e 1945. De acordo com a acusação, o guarda sabia o que ocorria no local e deve ser considerado cúmplice do assassinato de 3,5 mil pessoas perseguidas e detidas entre os anos de 1942 e 1945. Ele também é acusado de ajudar a matar prisioneiros soviéticos e assassinar outros detidos com gás. A demora no julgamento do homem pelos crimes cometidos há décadas ocorre porque ele só foi “descoberto” após a polícia vistoriar documentos em Moscou, anos após a morte de Hitler. “Primeiro, determinamos o local no qual ele morava. Depois, em março de 2019, depois de inquéritos preliminares com os dados pessoais dele, entregamos a questão à Justiça”, afirmou em entrevista ao jornal alemão Deutsche Welle o promotor responsável pelo caso, Thomas Will. O nome do ex-guarda não foi revelado “por razões legais”.

O campo de concentração no qual o guarda trabalhava ficava na cidade de Oranienburg, a poucos quilômetros de distância de Berlim, e servia como um “modelo” para outros campos nazista da região. A estimativa é de que mais de 200 mil pessoas tenham sido internadas na região e “dezenas de milhares” tenham morrido fuziladas, em câmaras de gás ou por doenças e fome. Outros julgamentos de pessoas idosas por crimes cometidos no período nazista já foram registrados na história recente da Alemanha. Na última semana, uma ex-secretária de um campo de concentração de 96 anos precisou ser detida pela polícia após tentar fugir das suas responsabilidades judiciárias. Irmgard Furchner é acusada de ser cúmplice da morte de pelo menos 11 mil pessoas no período de perseguição contra judeus na Europa. Ela, que trabalhou por anos como datilógrafa para o comando das tropas de Hitler em um campo de concentração que matou mais de 60 mil pessoas em Stutthof, foi chamada para falar perante o juiz na cidade de Itzehoe, mas pegou um táxi até uma estação de trem e foi capturada por policiais no meio da fuga.

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