Armênia x Azerbaijão: entenda o conflito em Nagorno-Karabakh

Na última sexta-feira, representantes dos países concordaram com cessar-fogo, mas decisão não foi cumprida; nesta terça, Mike Pompeo, secretário de estado dos EUA, se revoltou com a continuidade do conflito

  • Por Pedro Sciola
  • 13/10/2020 14h10
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EFE/EPA/AZIZ KARIMOV Nagorno Karabakh Armênia e Azerbaijão disputam território de Nagorno-Karabakh desde os anos 1990

O confronto entre Armênia e Azerbaijão passou a ser motivo de preocupação mundial. Desde o dia 27 de setembro, os dois países voltaram a entrar em conflito pela disputa do território montanhoso de Nagorno-Karabakh, localizado na fronteira entre as nações. O embate, no entanto, não é recente e tem origem no final da União Soviética (URSS). “No fim da década de 1980, com o fim da URSS, houve um conflito entre os dois países pelo controle da região. A guerra ‘terminou’ em 1994 com mais de 30 mil mortos, com uma trégua sendo mediada pela Rússia. Nagorno-Karabakh seria um estado independente, mas não teve reconhecimento internacional. A região, portanto, continua sendo parte do Azerbaijão e governada por separatistas armênios, o que é um grande problema”, explica Malton Andrade, professor de Geografia e especialista no tema, em entrevista à Jovem Pan.

Para piorar a situação, existe uma forte questão cultural que aumenta a tensão entre os dois países. A população de Nagorno-Karabakh, que é predominantemente armênia e cristã, reside em um país de maioria muçulmana, o Azerbaijão. De acordo com Malton, outro motivo da região ser tão importante é porque ela está localizada em um trecho estratégico. “É uma região de transito de petróleo (dutos). O Azerbaijão tem importantes jazidas de petróleo que passam por essa região. Fora as questões culturais que envolvem a região”, afirma. O reinício da guerra entre os países aconteceu após meses de trocas de farpas e clima acalorado. Até o momento, mais de 600 pessoas já morreram neste novo embate, sendo, ao menos, uma centena de civis. Ataques estão sendo registrados na zona pleiteada, mas também em pontos da Armênia e do Azerbaijão. Exércitos estão a postos em combates pesados, que contam até com o uso de drones para surpreender o rival.

No recomeço do embate, os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, da Rússia, Vladimir Putin, e França, Emmanuel Macron, pediram para os dois países uma trégua imediata no enclave separatista de Nagorno-Karabakh. “Pedimos também aos líderes da Armênia e do Azerbaijão que assumam imediatamente, de boa fé e sem impor condições prévias, a obrigação de retomar as negociações para uma solução com a colaboração dos co-presidentes do Grupo de Minsk da Osce”, disseram em um comunicado em conjunto divulgado pelo Kremlin. Na região, a Turquia se posicionou a favor do Azerbaijão porque quer defender os interesses europeus nos combustíveis produzidos pelo país. Já o Irã também clamou pelo fim do combate armado.

Para tentar colocar um pouco de paz em Nagorno-Karabakh, o presidente russo Vladimir Putin convocou na última sexta-feira, 9, os chanceleres de Azerbaijão e Armênia para uma reunião em Moscou. Após onze horas de conversa, os representantes dos dois países concordaram com um cessar-fogo que entraria em vigor ao meio-dia de sábado, assim como uma “negociação” de uma solução pacífica na região de Nagorno-Karabakh. A trégua, no entanto, não foi respeitada e os embates continuaram mesmo após o encontro.

Mike Pompeo, secretário de estado dos Estados Unidos, mostrou revolta com a continuidade do confronto. “Os Estados Unidos pedem ao Azerbaijão e à Armênia que ponham em prática seus compromissos com um cessar-fogo acordado e que deixem de atacar áreas civis, como Ganja e Stepanakert”, escreveu Pompeo no Twitter, nesta terça-feira, 13. “Lamentamos a perda de vidas humanas e continuamos comprometidos com uma solução pacífica”, finalizou.

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