Israel faz novos ataques aéreos contra a Faixa de Gaza; pelo menos 26 palestinos morreram

Autoridades de saúde locais afirmam que nove das vítimas eram crianças e que o total de feridos deve estar próximo de 122; bairros amanheceram sob escombros

  • Por Jovem Pan
  • 11/05/2021 11h25 - Atualizado em 11/05/2021 17h16
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EFE/EPA/MOHAMMED SABER Pessoas passam pelos escombros de um prédio do Ministério do Interior do Hamas após o ataque aéreo de Israel contra a Faixa de Gaza Pessoas passam pelos escombros de um prédio do Ministério do Interior do Hamas após o ataque aéreo de Israel contra a Faixa de Gaza

Pelo menos 24 palestinos foram mortos durante os 130 ataques aéreos promovidos por Israel contra a Faixa de Gaza na madrugada desta terça-feira, 11. As últimas informações divulgadas pela imprensa local são de que a região continuou sendo atingida por foguetes pela manhã e que, por isso, mais duas pessoas teriam morrido, elevando o total a 26 vítimas fatais. O porta-voz do Exército de Israel, Jonathan Conricus, disse em coletiva de imprensa que foram atingidos alvos militares pertencentes principalmente ao Hamas, movimento islamita palestino, como locais de armazenamento de armas e de treinamento de militantes. Além disso, teriam morrido dois comandantes da Jihad Islâmica, outro grupo islamita da região. Ele afirmou que não há confirmação de que os ataques tenham afetados civis. Porém, o Ministério da Saúde de Gaza informou que, entre as vítimas, estavam nove crianças e uma mulher de 59 anos, sendo que o total de feridos deve estar próximo de 122, incluindo civis. Além disso, imagens compartilhadas por palestinos através das redes sociais mostram bairros sob escombros e famílias deixando um prédio residencial que foi atingido durante os bombardeiros. Ainda durante a noite, centenas de palestinos se reuniram para lamentar a perda dos seus entes queridos em procissões fúnebres.

Na segunda-feira, 10, a Mesquita Al Aqsa, que é o terceiro lugar mais sagrado para os muçulmanos, foi palco de um confronto violento. Mais de 300 palestinos ficaram feridos quando a polícia israelense invadiu a mesquita, disparando balas de borracha, granadas de atordoamento e gás lacrimogênio. Vídeos de denúncia feitos pelos palestinos mostram que um grupo de mulheres que estavam no templo religioso também foram atingidas. A situação fez com que o Hamas exigisse que Israel cessasse a violência contra os fiéis no templo religioso em Jerusalém. Como a demanda não foi atendida, o grupo disparou 200 foguetes em direção ao território israelense, mas 90% dos projéteis foram interceptados antes que causassem danos. Ainda assim, a ação acabou gerando uma resposta de Israel através de ataques aéreos. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu justificou que o Hamas cruzou uma “linha vermelha” e que pagaria um “preço alto” por isso. Ele também elogiou a “firmeza” das forças de segurança para garantir a “estabilidade” de Jerusalém.

Os embates aconteceram no “Dia de Jerusalém”, data do calendário hebraico que marca a captura da cidade por Israel em 1967 e costuma ser comemorada com centenas de judeus agitando bandeiras e cantando músicas patrióticas enquanto caminham por áreas muçulmanas. Há muito tempo o evento é visto por muitos palestinos como uma provocação deliberada. Como eles já estavam descontentes com uma decisão de Israel de despejar as famílias palestinas do bairro de Sheikh Jarrah, as autoridades israelenses decidiram impedir os judeus de passarem pela mesquita Al-Aqsa durante a Marcha das Bandeiras desse ano para evitar tensões. O problema é que a mesquita em questão também fica no topo do Monte do Templo, que por sua vez é o local mais importante para o judaísmo. Desde a noite de domingo, 9, muçulmanos ficaram de prontidão para defender a sua mesquita e, pela manhã, centenas de judeus ativistas caminharam até o Monte do Templo, contrariando as ordens das autoridades locais e dando início ao confronto.

Porém, é possível dizer que as disputas começaram há quase um mês, com o início do Ramadã. Desde 13 de abril, primeiro dia do mês sagrado dos muçulmanos, os palestinos estão acusando os israelenses de terem erguido barreiras para impedi-los de se reunirem nos arredores do Portão de Damasco, uma das principais entradas da Cidade Antiga de Jerusalém. Apesar da polícia local negar qualquer discriminação religiosa e alegar que a medida visa apenas facilitar a circulação de pedestres na região, a decisão levou alguns muçulmanos a fazerem um protesto na praça logo em frente. Enquanto isso, os judeus vêm se queixando de uma onda de vídeos do TikTok que mostram palestinos atacando membros da comunidade ultraortodoxa em Jerusalém. O grupo judeu de extrema-direita Levaha usou essa justificativa para marchar em direção ao Portão de Damasco entoando slogans que pediam “morte aos árabes” no último dia 23. Essa manifestação invariavelmente acabou se encontrando com o protesto dos muçulmanos na entrada da Cidade Antiga, onde teve início um confronto que deixou pelo menos 100 feridos.

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