Yamandú Orsi, aliado de Mujica, vence eleições presidenciais e esquerda volta ao poder no Uruguai

Direita reconheceu a derrota antes do fim das contagens dos votos; presidente Luis Lacalle Pou parabenizou Orsi pelo resultado e se colocou à disposição para transição de governo

  • Por Jovem Pan
  • 24/11/2024 21h22 - Atualizado em 24/11/2024 22h35
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Eitan ABRAMOVICH / AFP yamandú orsi Candidato presidencial do Uruguai pelo partido Frente Ampla, Yamandu Orsi, sorri ao falar com jornalistas após votar durante o segundo turno das eleições presidenciais em Canelones, Uruguai

O esquerdista Yamandú Orsi, da oposição Frente Ampla e aliado do ex-presidente José “Pepe” Mujica, venceu as eleições presidenciais do Uruguai, disputada neste domingo (24). Com 94,4% dos circuitos eleitorais apurados, Orsi obteve 1.123.420 votos, contra 1.042.001 de Álvaro Delgado, informou o Tribunal Eleitoral. Buzinas e gritos de euforia eclodiram na capital Montevidéu, reduto da Frente Ampla no país, quando as projeções foram divulgadas. O candidato de centro-direita Delgado, já reconheceu a derrota. Hoje os uruguaios definiram quem exercerá a Presidência da República. E quero enviar aqui, com todos esses atores da coalizão, um grande abraço e saudações a Yamandú Orsi”, disse Delgado, cercado pelos parceiros da aliança governante que o apoiou no segundo turno. O presidente Luis Lacalle Pou, parabenizou Orsi pelo resultado. “Chamei Orsi para parabenizá-lo como presidente eleito do nosso país e me colocar à disposição para começar a transação”, escreveu o atual mandatário em suas redes sociais. O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), também mandou uma mensagem para o eleito.

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“Quero congratular o povo uruguaio pela realização de eleições democráticas e pacíficas e, em especial, o presidente eleito Orsi”, escreveu. “A Frente Ampla e meu amigo Pepe Mujica pela vitória no pleito de hoje”, acrescentou. “Essa é uma vitória de toda a América Latina e do Caribe. Brasil e Uruguai seguirão trabalhando juntos no Mercosul e em outros fóruns pelo desenvolvimento justo e sustentável, pela paz e em prol da integração regional”, finalizou. Pesquisas de boca de urna apontavam Orsi com 49,0% dos votos e Delgado 46,6%, segundo o Canal 10, com base em dados da Equipos Consultores. Para o Canal 12, que citou a pesquisa Cifra, Orsi obtém 49,5% dos votos, contra 45,9% de Delgado. Com Orsi, a Frente Ampla volta ao governo, perdido em 2020 após três mandatos consecutivos, um deles com Mujica (2010-2015). O ex-guerrilheiro de 89 anos, que se recupera de um câncer no esôfago, votou cedo em Montevidéu. “Meu futuro mais próximo é o cemitério, mas me interessa o destino dos jovens, que quando tiverem a minha idade vão viver em um mundo muito diferente”, disse, cercado por jornalistas.

Yamandú Orsi, um professor de história de 57 anos, aparecia como favorito nas pesquisas que antecederam às eleições. Ele assumirá o poder em 1º de março, e sucederá o presidente Luis Lacalle Pou, com um nível de aprovação perto de 50%, mas impedido constitucionalmente de disputar a reeleição. No primeiro turno, em 27 de outubro, Orsi teve 17,2 pontos percentuais a mais que Delgado, que no segundo turno contou com o apoio de todos os partidos da coalizão governista, que juntos obtiveram 47,7%. Assim como seu adversário, Orsi disse estar aberto a negociar com o outro bloco, algo que parece inevitável já que nenhum deles terá maioria parlamentar. Após as eleições de outubro, a Frente Ampla ficou com 16 das 30 cadeiras no Senado, e a coalizão governante, com 49 das 99 cadeiras na Câmara dos Deputados.

O esquerdista prometeu “uma mudança segura que não será radical”. Entre sua propostas de governo está impulsionar o crescimento econômico, em recuperação após a desaceleração devido à pandemia e a uma seca histórica. Além disso, estão empenhados em reduzir o déficit fiscal e em combater o aumento da criminalidade vinculada ao tráfico de drogas. O Uruguai é a democracia mais sólida da América Latina, com alta renda per capita e menores níveis de pobreza e desigualdade frente ao resto da região. A situação econômica e a criminalidade dominam as preocupações dos eleitores deste país agropecuário, com 3,4 milhões de habitantes e 12 milhões de cabeças de gado.

*Com informações da AFP

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