Boris Johnson nega ter mentido para a rainha sobre suspensão do Parlamento
O premiê britânico, Boris Johnson, negou nesta quinta-feira (12) ter mentido para rainha Elizabeth II sobre as razões que motivaram a medida que suspendeu o funcionamento do Parlamento do Reino Unido por cinco semanas, às vésperas do Brexit.
A suspensão até 14 de outubro – que, segundo o porta-voz, acontecerá independentemente do resultado da votação – provocou uma onda de indignação no Reino Unido quando foi anunciada no fim de agosto por Johnson, acusado de realizar manobras para conduzir o país para um Brexit sem acordo no dia 31 de outubro.
O poder para suspender – ou, no termo técnico, prorrogar – o Parlamento é da rainha – que, segundo a convenção britânica, age sob recomendação do primeiro-ministro.
O questionamento a Johnson vem após o mais alto tribunal da Escócia considerar a suspensão ilegal. A Suprema Corte do Reino Unido vai julgar a questão no dia 17 de setembro. “Absolutamente não. Não menti”, declarou o premiê em resposta.
Cenário
Johnson se reuniu com a rainha Elizabeth no dia 28 de agosto. Na ocasião, ele disse que não queria esperar até depois do Brexit “antes de continuar com nossos planos para levar o país adiante”. Ele também afirmou, ainda, que haveria “tempo suficiente” para os parlamentares debaterem a separação da União Europeia depois da retomada das atividades, no dia 15 de outubro, segundo a BBC.
O prazo para o Reino Unido deixar o bloco europeu é 31 de outubro. Com a aprovação da rainha à suspensão do Parlamento, os parlamentares passaram a ter menos de 20 dias para tentar impedir um Brexit sem acordo. Antes que a casa fosse fechada, eles conseguiram aprovar um projeto de lei – que recebeu a aprovação final da rainha na segunda, 9 – contra a saída sem acordo em 31 de outubro.
Na prática, isso faz com que o primeiro-ministro seja forçado a pedir uma extensão do prazo para o Brexit se nenhum acordo for fechado até o dia 19 de outubro. Johnson afirmou, entretanto, que não pediria adiamento de prazo.
O Parlamento interrompeu as atividades na segunda-feira (9). O governo britânico já afirmou que vai recorrer da decisão na Suprema Corte de Londres.
A decisão de Johnson vem causando polêmica e protestos no país. O premiê determinou a suspensão porque temia que o Parlamento tentasse impedir o Brexit sem um acordo. Ele já afirmou que tiraria os britânicos da união com ou sem um trato.
Na quarta-feira (11), membros do Parlamento publicaram um documento que alertava sobre uma possível escassez de alimentos e combustíveis se o Reino Unido saísse da União Europeia sem o acordo, segundo a BBC.
*Com informações do Estadão Conteúdo
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