Hidroxicloroquina não previne infecção por Covid-19, diz estudo

Ao todo, um grupo de 125 médicos, enfermeiros, auxiliares, técnicos, entre outros, tomou uma dose diária de 600 miligramas de hidroxicloroquina, ao longo de dois meses, para que fosse verificada a eficácia na prevenção da infecção pelo novo coronavírus

  • Por Jovem Pan
  • 30/09/2020 13h46
FERNANDO MORENO/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO Caixa de hidroxicloroquina Jair Bolsonaro defende o uso da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19

O uso diário da hidroxicloroquina não preveni a Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus. Ao menos, essa é a conclusão de um estudo publicado nesta quarta-feira, 30, pela revista científica JAMA Internal Medicine. Os pesquisadores da Escola de Medicina Pereleman, da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, testaram a eficácia do medicamento – que tem utilização defendida, entre outros, por Jair Bolsonaro -, em funcionários de saúde, um dos grupos com grande potencial de contágio. A conclusão que as taxas de infecção pelo novo coronavírus eram iguais entre os que tomaram a hidroxicloroquina e placebo. Também foi observado que os níveis de contágio foram baixos entre os participantes, o que os pesquisadores atribuíram à eficácia de outras medidas de prevenção, como o distanciamento social, o uso de equipamento pessoal e uma correta higiene das mãos. “Este trabalho é o primeiro teste aleatório do efeito profilático da hidroxicloroquina”, explicou o pesquisador e principal autor do estudo, Benjamin Abella. “Embora a hidroxicloroquina seja eficaz no tratamento de doenças como lúpus e malária, não vimos nenhuma diferença que nos levou a recomendar sua prescrição como medicamento preventivo para a Covid-19 aos trabalhadores da linha de frente”, completou.

Ao todo, um grupo de 125 médicos, enfermeiros, auxiliares, técnicos, entre outros, tomou uma dose diária de 600 miligramas de hidroxicloroquina, ao longo de dois meses, para que fosse verificada a eficácia na prevenção da infecção pelo novo coronavírus. Entre 9 de abril e 14 de julho, a metade dos testados tomou o medicamento, enquanto a outra recebeu, sem saber, um placebo equivalente (uma pílula de celulose). Os participantes também foram submetidos a eletrocardiogramas, dada a possibilidade da hidroxicloroquina causar problemas no ritmo cardíaco dos pacientes por Covid-19 em estado grave.

No fim do estudo, 6,3% dos participantes que tomaram o medicamento, foram infectados pelo novo coronavírus. Entre os que tomaram placebo, foram 6,6% contaminados pelo patógeno. Além disso, não foi detectada qualquer diferenciação no ritmo cardíaco dos voluntários, o que indicou que a hidroxicloroquina, além de não ter efeito preventivo, também não é prejudicial, embora provoque efeitos secundários, como a diarreia. “As diferenças que vimos foram insignificantes. E aqueles que contraíram o vírus, estivessem ou não tomando hidroxicloroquina, estavam todos assintomáticos ou tinham sintomas muito leves”, detalhou Ravi Amaravadi, pesquisador do Centro de Câncer Abramson e coautor do estudo.

*Com informações da Agência EFE

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