Índia coloca rede no rio Ganges para resgatar corpos de vítimas da Covid-19

O país reportou um novo recorde diário de mortes pela doença e chegou ao 21º dia consecutivo com mais de 300 mil novas infecções pelo coronavírus; variante indiana já está presente em 44 países

  • Por Jovem Pan
  • 12/05/2021 13h02 - Atualizado em 12/05/2021 17h19
EFE/EPA/IDREES MOHAMMED Pessoa usando equipamento de proteção pessoal faz rito de cremação de uma vítima da Covid-19 em Nova Délhi Os cadáveres encontrados no rio Ganges estão sendo enterrado ou incinerados por funcionários dos governos locais

As autoridades do norte da Índia informaram nesta quarta-feira, 12, que uma rede foi estendida no rio Ganges para resgatar corpos de possíveis vítimas da Covid-19. Desde o início da semana, foram encontrados mais de 70 cadáveres boiando ou retidos nas margens da via fluvial, considerada sagrada para os hindus. A busca foi intensificada na fronteira entre os estados de Bihar e Uttar Pradesh, dois dos mais pobres do país, onde foi encontrada a maior parte dos defuntos. De acordo com o Ministério de Recursos Hídricos de Bihar, as necropsias revelaram que boa parte das vítimas estavam mortas há vários dias dado seu estado de composição. A principal suspeita é que eles tenham sido lançados no rio Ganges pelos seus familiares por falta de recursos financeiros ou mesmo pela lotação dos cemitérios e crematórios da Índia, que não estão dando conta do elevado número de mortes causadas pela pandemia do novo coronavírus.

As descobertas também suscitam temores de que a crise esteja se espalhando pela zona rural do país, que concentra 70% da população e, em termos gerais, carece de sistemas de saúde que possam atender os pacientes e registrar dados relacionados à crise sanitária. Nesta quarta-feira, 12, a Índia reportou um novo recorde diário de mortes por Covid-19. Os 4.205 óbitos registrados nas últimas 24 horas fizeram com que o país chegasse ao total de 250 mil vítimas da doença desde o início da pandemia. Esse também foi o 21º dia consecutivo com mais de 300 mil novas infecções pelo coronavírus, elevando a somatória a 23,3 milhões desde março de 2020. Apesar dos números já serem astronômicos, há fortes suspeitas de subnotificação, especialmente na quantidade de mortes, já que muitas vítimas acabam falecendo antes mesmo de conseguirem receber atendimento médico.

Variante indiana do coronavírus

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que a variante do coronavírus detectada na Índia, a B.1.617, já está presente em 44 países ao redor do mundo. Em relatório publicado nesta terça-feira, 11, a entidade considerou que essa mutação é “preocupante em nível global” porque parece estar relacionada a maiores taxas  de transmissão e resistência aos anticorpos, apesar de ainda serem necessários mais estudos para uma confirmação definitiva. A OMS afirma que existem provas preliminares que sugerem que a variante indiana pode reduzir a eficácia do tratamento com anticorpos monoclonais e “reduzir ligeiramente a suscetibilidade à neutralização de anticorpos”, que são gerados através da vacinação. Recentemente, Israel afirmou que a mutação B.1.617 infectou quatro cidadãos que já tinham recebido as duas doses da vacina contra a Covid-19.

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