Israel derruba prédio residencial de 13 andares em ataque contra Faixa de Gaza
O lugar era visado pelos israelenses porque ali também funcionava um escritório do movimento islamita palestino Hamas, que retaliou lançando foguetes contra Tel Aviv
Um prédio residencial de 13 andares na Faixa de Gaza desabou após ser atingido por ataques aéreos de Israel na tarde desta terça-feira, 11. Vídeos gravados e divulgados pelos palestinos nas redes sociais mostram o edifício caindo em meio a colunas de fumaça, mas não houve relatos de vítimas porque os residentes já teriam desocupado a Torre Hanadi. O lugar era visado pelos israelenses porque ali também funcionava um escritório do movimento islamita palestino Hamas. As forças armadas do grupo, batizadas de Al-Qassam Brigades, ameaçaram atacar a cidade de Tel Aviv caso Israel continuasse visando edifícios residenciais e logo em seguida confirmaram o lançamento de 130 foguetes como forma de retaliação. Israel informou que, em decorrência disso, uma mulher de 50 anos acabou morrendo nos arredores de Tel Aviv e que várias outras pessoas ficaram feridas. O Aeroporto Internacional Ben Gurion, que fica nos arredores da cidade, foi fechado por medida de precaução.
Os ataques aéreos de Israel contra a Faixa de Gaza começaram na noite de segunda-feira, 10, e continuaram interruptamente desde então. As informações mais recentes das autoridades de saúde palestinas são de que pelo menos 28 pessoas, incluindo dez crianças, foram mortas devido aos bombardeios. Além disso, mais de 120 palestinos estariam feridos, incluindo civis. As trocas de ataques aéreos começaram do lado palestino no fim da tarde de segunda-feira, 10, quando o Hamas começou a disparar 200 foguetes em direção a Israel. Os bombardeios causaram a morte de duas mulheres israelenses, de 40 e 60 anos, na cidade de Ashkelon, além de danos estruturais a uma escola. Não houve mais vítimas porque 90% dos projéteis foram interceptados por Israel antes que causassem danos.
Video of Hanadi's tower bombing in Gaza pic.twitter.com/VYe4EAxQVo
— Muhammad Smiry 🇵🇸 (@MuhammadSmiry) May 11, 2021
Mesquita Al-Aqsa
Os primeiros lançamentos de foguetes feitos pelo Hamas foram uma resposta aos ataques de Israel contra a Mesquita Al-Aqsa nos últimos três dias. O templo religioso em Jerusalém, que é o terceiro lugar mais sagrado para os muçulmanos, foi ocupado por fiéis nos últimos dias do mês sagrado do Ramadã. Ao perceberem a intenção da polícia de entrar no local, eles atiraram alguns objetos contra os agentes na tentativa de impedi-los porque a sua religião considera proibida a entrada de soldados armados e com calçados na mesquita. As autoridades de israelenses responderam com balas de borracha, granadas de atordoamento e bombas de gás lacrimogênio. Pelo menos 700 palestinos ficaram feridos durante esses confrontos.
Os muçulmanos tinham ocupado a mesquita porque temiam que ela fosse alvo dos judeus ortodoxos durante o “Dia de Jerusalém”, feriado nacional que comemora a tomada da cidade por Israel em 1967. Em um evento considerado ilegal pelas leis internacionais, israelenses de extrema-direita costumam usar esse dia como uma desculpa para marchar pela Cidade Velha, passando inclusive por bairros muçulmanos. As autoridades israelenses chegaram a pedir que a marcha não fosse realizada esse ano, mas a recomendação foi ignorada. Além disso, os palestinos também temem que Israel esteja planejando destruir a Mesquita Al-Aqsa para reconstruir o Terceiro Templo Judaico. Isso porque o Monte do Templo, onde fica o templo religioso muçulmano, é também considerado o lugar mais sagrado para os judeus.
Sheikh Jarrah
Desde o início do mês já vinham acontecendo protestos contra a expulsão de famílias palestinas do bairro ocupado de Sheikh Jarrah, em Jerusalém. Há anos os palestinos são impedidos de construir novas casas na região e, por isso, acabam erguendo suas moradias mesmo sem ter conseguido obter as licenças de construções exigidas. Isso resultou em uma onda de expulsões e demolição de casas irregulares, que contribuíram para reacender a raiva dos palestinos contra as autoridades locais e as discriminações a que são submetidos dentro do território israelense. Com o aumento das tensões, Israel decidiu adiar a decisão sobre a expulsão forçada de quatro famílias que vivem em Sheikh Jarrah. O anúncio, feito no domingo, 9, foi uma vitória momentânea para os manifestantes palestinos que protestaram incansavelmente durante dias.
Após a ocupação de Jerusalém por Israel em 1967, grupos de colonos deram início a batalhas legais para tomarem a área, alegando que a terra era uma propriedade judaica perdida na guerra de 1948. Só em 2002, 43 palestinos já foram forçados a sair de Sheikh Jarrah e tiveram suas casas ocupadas por israelenses. Casos semelhantes voltaram a acontecer em 2008 e 2017. Os palestinos temem que, com a iminência de novas expulsões esse ano, o governo de Israel esteja ajudando a comunidade judaica a ocupar e se tornar maioria nessa parte de Jerusalém.
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