Israel está trocando vacinas contra Covid-19 por apoio diplomático; entenda

O país está buscando aval na reivindicação de que Jerusalém é a sua capital; atitude está sendo criticada, já que palestinos foram excluídos da campanha nacional de vacinação

  • Por Bárbara Ligero
  • 25/02/2021 11h53 - Atualizado em 25/02/2021 14h34
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EFE/EPA/ATEF SAFADI Clérigo ortodoxo deixa a Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém, colocando a sua máscara Tanto os israelenses quanto os palestinos reivindicam a cidade histórica de Jerusalém como sendo a sua capital

Com mais da metade da sua população vacinada contra a Covid-19, Israel se comprometeu a enviar milhares de doses do imunizante a países estrangeiros em troca de apoio diplomático na questão envolvendo a cidade de Jerusalém, que tanto os israelenses quanto os palestinos reivindicam como sendo a sua capital. Nesta terça-feira, 23, os principais veículos de comunicação de Israel afirmaram que Guatemala, Honduras, Hungria e República Tcheca devem receber, cada um, cinco mil vacinas desenvolvidas pela Moderna. Não por acaso, a Guatemala mudou a sua embaixada de Tel Aviv para Jerusalém, coisa que Honduras também prometeu fazer em breve. Já a Hungria montou uma missão comercial em Jerusalém, que ainda ganhará um novo escritório diplomático da República Tcheca. Outro exemplo da “diplomacia da vacina” empregada por Israel foi a promessa, feita na semana passada, de enviar dezenas de milhares de doses à Síria em troca do retorno de um civil israelense que estava detido no país inimigo.

A decisão de enviar a vacina contra a Covid-19 a países estrangeiros está sendo vista com maus olhos pelos críticos de Israel, que defendem que o país deveria dar aos palestinos o mesmo acesso à imunização que os seus cidadãos estão tendo. Até um mês atrás, Israel justificava essa exclusão na campanha de vacinação dizendo que, segundo os acordos de paz provisórios assinados na década de 1990, não é responsável pelos palestinos e que, além disso, não tinha recebido nenhum pedido de ajuda. Após ser pressionado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Organização das Nações Unidas (ONU), no entanto, o país anunciou no final de janeiro que entregaria cinco mil doses às autoridades da Palestina. Ainda assim, a quantidade é muito inferior à prometida aos países estrangeiros. Nesse meio tempo, os palestinos vinham tentando adquirir mais algumas vacinas por meio do Covax Facility, programa da OMS que visa a distribuição dos imunizantes aos países mais necessitados do mundo, mas nada foi concretizado ainda.

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