Joe Biden é empossado e se torna o 46º presidente dos Estados Unidos

Aos 78 anos de idade, o democrata se tornou o chefe de governo mais idoso da história do país após uma transição de poder conturbada por acusações de fraude eleitoral

  • Por Bárbara Ligero
  • 20/01/2021 13h49 - Atualizado em 20/01/2021 15h38
EPA-EFE/MICHAEL REYNOLDS Joe Biden Joe e Jill Biden se tornaram presidente e primeira-dama dos Estados Unidos em cerimônia de posse atípica

Joe Biden tomou posse como presidente dos Estados Unidos nesta quarta-feira, 20, após uma transição de poder conturbada por acusações de fraude eleitoral. Aos 78 anos de idade, ele se tornou o chefe de governo mais idoso da história do país durante uma cerimônia sem público devido à pandemia do novo coronavírus e com segurança redobrada devido à recente invasão ao Capitólio. O ex-presidente Donald Trump e a ex-primeira-dama Melania Trump não compareceram ao evento, mas foram substituídos simbolicamente por Barack e Michelle ObamaGeorge e Laura Bush e Bill e Hillary Clinton, além do ex-vice-presidente Mike Pence.

O evento teve início com discursos de autoridades do governo, uma oração feita pelo padre jesuíta Leo O’Donovan, amigo da família Biden, e pela interpretação do hino nacional pela cantora Lady Gaga, amiga pessoal do presidente. Na sequência, a vice-presidente Kamala Harris assumiu o seu cargo e a cantora Jennifer Lopez interpretou a canção “This Land is Your Land”. O católico Joe Biden fez então o seu juramento com as mãos pousadas sobre uma Bíblia que pertence à sua família há anos. “Eu, Joseph Robinette Biden juro solenemente que vou desempenhar com fidelidade o cargo de presidente dos Estados Unidos. Farei tudo que estiver ao meu alcance para preservar, proteger e defender a Constituição dos Estados Unidos com a Graça de Deus”, prometeu.

Depois, Joe Biden fez o seu primeiro discurso como presidente dos Estados Unidos. As falas foram bastante voltadas para o desejo de um país mais unido para combater a Covid-19 e superar a invasão ao Capitólio, que representou a forte divisão política na nação e uma ameaça à democracia. Ele também enumerou como desafios do país atualmente o extremismo político, a supremacia branca e o terrorismo doméstico.  “Não haverá progresso sem união”, afirmou. A cerimônia foi encerrada pela interpretação do cantor Garth Brooks da canção “Amazing Grace”, pela leitura de um poema escrito pela ativista de 22 anos Amanda Gorman e por uma benção final do reverendo Beamen.

Quem é Joe Biden?

Com vasta experiência política, o democrata é formado em história, ciência política e direito. Ele foi vice-presidente de Barack Obama entre 2009 e 2017 e, antes disso,  exerceu seis mandatos consecutivos como senador do estado de Delaware, onde viveu quase toda a sua vida. Esses anos foram antecedidos por uma tragédia pessoal: algumas semanas após a eleição para o Senado, sua esposa Neilia e sua filha de um ano de idade Naomi foram mortas em um acidente de carro. Apesar de ter considerado renunciar ao cargo para cuidar dos outros dois filhos, Beau e Hunter, Biden acabou se tornando o sexto senador mais jovem do país.

Ele se casou novamente três anos depois, com a atual esposa Jill Biden. O seu desejo de se tornar presidente dos Estados Unidos é antigo. Biden concorreu à nomeação da sua chapa para as eleições presidenciais em 1988 e 2008, sem sucesso. Em 2016, ele desistiu da candidatura após a recente morte do seu filho Beau, aos 46 anos devido a um câncer no cérebro. Agora, ele chega ao cargo mais alto do país sendo considerado um democrata moderado, que acredita no valor do bipartidarismo e deve abrir diálogo com os republicanos, além de dar continuidade ao trabalho que foi feito durante o governo Obama.

Quais são as propostas de Joe Biden para os Estados Unidos?

As propostas de Joe Biden na área da saúde são os exemplos mais claros de sua intenção em dar continuidade ao trabalho que foi feito durante o governo de Barack Obama. Além do combate à Covid-19, uma das prioridades do democrata é fazer com que o Obamacare alcance uma parcela ainda maior da população norte-americana. Para aplacar os efeitos econômicos da pandemia, Biden já anunciou o desejo de abrir escolas e empresas com segurança e de liberar um pacote de US$ 1,9 trilhão. Além disso, ele apoia o aumento do salário mínimo em nível federal para US$ 15 a hora.

Na política externa, a expectativa é que Biden retome a postura multilateralista dos Estados Unidos. O democrata já anunciou que nos próximos dias o país retornará à Organização Mundial da Saúde (OMS) e ao Acordo de Paris, o que remete à sua grande defesa das causas ambientais. Durante sua campanha eleitoral, o democrata chamou atenção do Brasil pelas falas condenando as queimadas na Amazônia e levantando a possibilidade de intervenção no assunto.

O mais novo presidente dos Estados Unidos também considerou urgente tomar atitudes em relação à questão migratória. Ele acabará com veto migratório aplicado por Trump a cidadãos da Venezuela, da Coreia do Norte e outros 11 países com populações muçulmanas significativas: Eritreia, Irã, Quirguistão, Líbia, Mianmar, Nigéria, Somália, Sudão, Síria, Tanzânia e Iêmen. Além disso, a expectativa é que ele assine decretos que visam reunir as famílias de imigrantes que foram separadas na fronteira.

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