Jornal do Irã defende ataque contra Israel após assassinato de cientista

Mohsen Fakhrizadeh, criador do programa nuclear do país árabe, sofreu atentado na sexta-feira; israelenses silenciam e colocam embaixadas em alerta

  • Por Jovem Pan
  • 29/11/2020 14h35
EFE/EPA/IRIB HANDOUT O físico Mohsen Fakhrizadeh estava viajando de carro com seus guarda-costas quando o ataque aconteceu

Um artigo de opinião publicado neste domingo, 29, pelo jornal iraniano Kayhan instou o país a atacar a cidade portuária israelense de Haifa, se for confirmado que o país arquitetou o ataque que matou o cientista e fundador do programa nuclear militar do Irã, Mohsen Fakhrizadeh, na última sexta-feira, 27. No artigo, o analista iraniano Sadollah Zarei argumenta que as respostas anteriores do Irã a ataques aéreos israelenses que mataram agentes da Guarda Revolucionária não foram suficientes para deter Israel. O periódico defende há muito tempo uma retaliação agressiva a ações dirigidas ao Irã, mas no artigo deste domingo sugeriu ações que destruam instalações e também provoquem “pesadas perdas humanas”.

Para Zarei, atacar Haifa e matar um grande número de pessoas “definitivamente levará à dissuasão, porque os Estados Unidos e o regime israelense não estão de forma alguma prontos para tomar parte em uma guerra e um confronto militar”. Embora Kayhan seja um jornal de pequena circulação, seu editor-chefe, Hossein Shariatmadari, foi nomeado pelo líder supremo aiatolá Ali Khamenei e descrito como seu assessor no passado. Na sexta-feira, conforme relatos, um caminhão-bomba explodiu nos arredores de Teerã e, em seguida, homens armados abriram fogo contra Fakhrizadeh, matando ele e um guarda-costas. Ontem, o presidente iraniano Hassan Rouhani culpou Israel pelo assassinato e afirmou que não interromperia seu programa nuclear. O líder supremo do país persa, Ali Khamenei, pediu um “castigo definitivo” para os culpados pelo caso.

O governo de Israel não fez comentários sobre o assassinato mas, segundo a emissora israelente N12, foi emitido um alerta para as embaixadas do país ao redor do mundo. Agências de inteligência dos EUA e inspetores nucleares do país disseram que o programa nuclear militar organizado que Fakhrizadeh supervisionou foi dissolvido em 2003, mas as suspeitas israelenses sobre o programa atômico de Teerã e seu envolvimento nunca cessaram. O parlamento iraniano realizou neste domingo uma audiência a portas fechadas sobre a morte de Fakhrizadeh. Posteriormente, o presidente da instituição, Mohammad Baqer Ghalibaf, disse que os inimigos do Irã devem se arrepender de tê-lo matado. “O inimigo criminoso não se arrepende, exceto com uma forte reação”, disse em rádio estatal. Os parlamentares também começaram a revisão de um projeto de lei que interromperia as inspeções pela Agência Internacional de Energia Atômica.

*Com agências internacionais e Estadão Conteúdo 

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