Manifestantes invadem Senado no México e interrompem debate sobre reforma judicial

Devido à invasão, o presidente do Senado, Gerardo Fernández Noroña, decretou um ‘recesso indefinido’

  • 10/09/2024 22h57
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Silvana FLORES / AFP manifestação senado do méxico Manifestantes participam de protesto dentro da Câmara Alta do Legislativo durante a legislação da reforma judicial proposta pelo governo no Congresso Nacional na Cidade do México

Centenas de manifestantes invadiram nesta terça-feira (10) a sede do Senado e obrigaram a suspensão do debate de uma polêmica reforma que, se aprovada, transformaria o México no primeiro país a escolher todos os seus juízes por voto popular. “Senhor senador, detenha o ditador!”, gritavam os manifestantes que repentinamente romperam as barreiras de segurança, referindo-se ao presidente de esquerda Andrés Manuel López Obrador, autor do projeto. Devido à invasão, o presidente do Senado, Gerardo Fernández Noroña, decretou um “recesso indefinido” e, pouco depois, convocou uma sessão em uma sede alternativa para a noite desta mesma terça-feira.feira, conforme previsto.  López Obrador, que possui ampla maioria no Congresso, propôs a reforma constitucional no contexto de um confronto com a Suprema Corte, que bloqueou reformas que ampliavam a participação do Estado no setor energético e colocavam a segurança pública sob controle militar.

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O mandatário, que entregará o poder à sua correligionária Claudia Sheinbaum em 1º de outubro e conta com 70% de popularidade, acusa o tribunal máximo e alguns juízes de estarem a serviço da corrupção de colarinho branco e do crime organizado. Porém, seus adversários afirmam que, na verdade, ele pretende eliminar a independência do Judiciário para instaurar um regime autoritário e perpetuar seu partido no poder. A emenda também é criticada pelos Estados Unidos e pelo Canadá, que alegam que ela prejudicaria o acordo comercial T-MEC, num momento em que o México se consolida como principal parceiro comercial de seu vizinho do norte.

Washington também alerta que o voto direto colocaria os juízes à mercê dos criminosos, que já influenciam as campanhas políticas. Se a iniciativa for aprovada, os atuais ministros da Suprema Corte, juízes e magistrados (cerca de 1.600) poderão se candidatar em eleições em 2025 e 2027. Caso contrário, permaneceriam em seus cargos até que os eleitos assumissem suas funções.Caso a reforma seja aprovada, “estaríamos instaurando uma ditadura”, declarou à AFP o advogado José Cordero, de 40 anos. “Os advogados dependem de um sistema de justiça autônomo”, sublinhou.

Entre as mudanças que a reforma traria, a figura dos “juízes sem rosto” para combater o crime organizado preocupa Ana Paola Morales, estudante de relações internacionais, de 23 anos, pois viola o “direito de saber quem está te julgando e por quais acusações”. Os partidos opositores, PAN, PRI e Movimento Cidadão, declararam que votarão contra a iniciativa, enquanto denunciam pressões do governo. “Batalharemos até o fim para evitar esse atropelo”, escreveu na rede X a senadora do Movimento Cidadão, Alejandra Barrales. López Obrador insiste que o voto aproximará a justiça do povo neste país, onde são registrados cerca de 80 homicídios por dia e a impunidade supera 90%, segundo ONGs

*Com informações da AFP
Publicado por Sarah Américo

 

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