Militares prendem primeiro-ministro do Sudão em meio a golpe de Estado

Líder militar anunciou a dissolução do Conselho Soberano de Transição e declarou estado de emergência no país; ministros e lideranças políticas foram detidas

  • Por Jovem Pan
  • 25/10/2021 11h02 - Atualizado em 25/10/2021 11h15
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EFE/EPA/OMER MESSINGER O primeiro-ministro do Sudão, Abdalla Hamdok Abdalla Hamdok pediu que o povo resistisse 'pacificamente' e que saísse às ruas em defesa da 'revolução'

As Forças Armadas do Sudão prenderam, nesta segunda-feira, 25, o primeiro-ministro Abdalla Hamdok pela recusa de apoiar um golpe de Estado. Segundo o Ministério da Informação do país, os militares mantiveram Hamdock em prisão domiciliar antes de levá-lo a “um lugar desconhecido”. A pasta afirmou que, ainda em sua residência, o primeiro-ministro conclamou o povo sudanês a resistir pacificamente ao golpe e a ocupar as ruas para “defender sua revolução”. Além de Abdalla Hamdok, as Forças-Armadas ainda detiveram membros do Conselho Soberano de Transição, ministros e lideranças políticas. A sede da emissora de TV e da rádio estatal na cidade de Omdurmã também foi invadida. Lá, os soldados detiveram alguns funcionários. De acordo com informações de agências internacionais, o Aeroporto Internacional de Cartum foi interditado. O general Abdel-Fattah Burhan, em um pronunciamento oficial na TV, anunciou a dissolução do Conselho Soberano, comandado por ele próprio, e declarou estado de emergência no país.

Entenda o contexto do golpe militar no Sudão

Em março de 2019, o ditador Omar al-Bashir foi deposto por militares após três décadas à frente do país. Depois da queda de Bashir, foi criado o Conselho Soberano, composto por militares e civis, no intuito de realizar a transição do país para um regime democrático. Na época, ficou decidido que as Forças-Armadas chefiariam o Sudão por um período e, depois do tempo acordado, passariam o bastão aos civis, que ficariam no poder até as eleições gerais, previstas para 2023. As militares, no entanto, se recusaram a cumprir o tratado. No pronunciamento desta segunda-feira, Burhan disse que só entregará a liderança do país “a um governo civil eleito”.

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