Documentos mostram que Odebrecht pagou propina por oleoduto no Peru, diz site
Constam nas planilha da Divisão de Operações Estruturadas da Odebrecht dezessete pagamentos relacionados à concessão de US$ 1 milhão a um único licitante
Documentos vazados nesta terça-feira (25) mostram que a construtora Odebrecht pagou R$ 3 milhões em propina para que a adjudicação da construção do Gasoduto Sul peruano, durante o governo do ex-presidente Ollanta Humala (2011-2016). Os arquivos foram revelados pelo portal de investigação jornalística peruano Convoca em parceria com o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, sigla em inglês).
De acordo com a reportagem, constam nas planilha da Divisão de Operações Estruturadas da Odebrecht — conhecido como o setor de propinas da construtora — dezessete pagamentos relacionados à concessão de US$ 1 milhão a um único licitante. Essa concessão foi adjudicada por mais de US$ 7 bilhões em junho de 2014.
O processo de licitação gerou investigações fiscais para apurar se houve comissão de crimes de conluio e negociação incompatível em que a esposa de Humala, Nadine Heredia, foi implicada.
No acordo de colaboração com o Ministério Público, aprovado na semana passada pela Justiça do Peru, a Odebrecht só admite ter pago propina no país para assumir as obras de construção da rodovia Interoceânica Sul, o Metrô de Lima, Costa Verde del Callao e a rota de evitação de Cusco. O acordo de leniência foi fechado em fevereiro.
A reportagem indicou, no entanto, que na plataforma secreta de comunicações Drousys, usada pela construtora, “aparecem pagamentos referidos a ‘Gasoduto Sul Peruano’ (denominação da obra em português), cujos destinatários finais estão ocultos sob pseudônimos”. “São cerca de 17 transferências de dinheiro associado ao Gasoduto do Sul, realizadas entre 19 de setembro e 12 de novembro de 2014, ou seja pouco mais de três meses depois da concessão à Odebrecht”, revelou.
Nos supostos pagamentos irregulares relacionados ao oleoduto incluem dez pessoas, identificadas apenas por apelidos, como destinatários dos pagamentos em dinheiro, com valores que variam de US$ 20 mil a US$ 700 mil. Sete empresas intermediárias também aparecem como “beneficiárias” usadas para canalizar mais de US$ 3 milhões, algumas delas criadas nas Ilhas Virgens Britânicas, Hong Kong, Belize e Panamá.
O advogado Wilfredo Pedraza, que defende Humala e Nadine Heredia, disse que não há evidência “direta nem indireta” que envolva a ex-primeira-dama ao caso do Gasoduto do Sul.
*Com informações da Agência EFE
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