Painel que investiga resposta global à Covid-19 aponta falhas da OMS e da China

O grupo independente passou quatro meses analisando o que foi feito no início da pandemia e criticou a demora nas respostas da entidade global e do país asiático

  • Por Jovem Pan
  • 19/01/2021 13h19 - Atualizado em 19/01/2021 14h11
Salvatore Di Nolfi/EFE A Organização Mundial da Saúde, chefiada por Tedros Adhanom, foi duramente criticada por alguns países por seu desempenho durante a pandemia

Um painel independente que investiga a resposta global à Covid-19 apontou que a Organização Mundial da Saúde (OMS) não possui poder financeiro e executivo suficiente para lidar com pandemias como a do novo coronavírus. A observação foi feita nesta terça-feira, 19, pela ex-presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, e pela ex-primeira-ministra da Nova Zelândia, Hellen Clark, que comandam o grupo e apresentaram um relatório preliminar ao Comitê Executivo da OMS. O texto destaca que a entidade global não declarou uma emergência internacional antes de 30 de janeiro e não considerou oficialmente a crise como uma pandemia até 11 de março, quando já havia 118 mil casos e 4 mil mortes em todo o planeta.

A criação de uma investigação independente partiu depois que alguns países, especialmente os Estados Unidos e a Austrália, criticaram a lentidão da OMS nas primeiras semanas da propagação do novo coronavírus e, principalmente, as suas relações com a China. “A OMS não tem poder para ordenar nada ou para investigar. Quando surge uma ameaça, tudo o que pode fazer é perguntar e esperar ser convidada”, explicou Sirleaf. A liberiana lembrou que, quando surgem pandemias como a da Covid-19, “se busca que a OMS lidere e coordene, mas a agência não está equipada com autoridade, nem com fundos necessários para fazer isso”.

O documento também afirma que as autoridades de saúde locais e nacionais da China poderiam ter implementado medidas de saúde pública mais fortes em janeiro do ano passado, quando o patógeno começou a se propagar. “As autoridades municipais de Wuhan fizeram públicos 27 casos de uma ‘pneumonia desconhecida’ em 31 de dezembro, com um atraso de uma semana desde que foram identificados e não foram decretados confinamentos até uma semana depois”, relembrou Clark.

A ex-primeira-ministra da Nova Zelândia explicou que, em quatro meses de trabalho, o painel entrevistou mais de uma centena de pessoas, ligadas à resposta contra a pandemia em diferentes países e consultou relatórios de meios de comunicação, instituições de ensino, da sociedade civil e governos. Sirleaf afirmou que o objetivo do painel não é “distribuir culpas”, mas sim aconselhar para ver o que pode melhorar e fazer recomendações corretas para que o mundo responda a futuras pandemias mais rapidamente. “É tempo dos países investirem na mudança real, na preparação para as pandemias. Os US$ 6 bilhões que a crise custou no ano passado são argumento suficiente”, disse a ex-presidente da Libéria.

*Com informações da EFE

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