Papa Francisco pede jornalismo ‘valente’ e alerta sobre ‘fake news’ durante a pandemia
Em mensagem pela 55ª Jornada Mundial das Comunicações Sociais, o líder da Igreja Católica pediu pediu para que os profissionais de imprensa fiquem menos no computador e estejam mais nas ruas
O papa Francisco apelou neste sábado, 23, por um jornalismo que classificou de “valente”, indo de encontro às pessoas e às histórias de vida, pedindo ainda que seja controlado o risco provocado pelas notícias falsas na internet, especialmente, com a pandemia da Covid-19. “Opiniões atentas lamentam há muito tempo o risco de estabelecimento dos jornais “fotocópia” ou dos noticiários em rádio, televisões e sites que são, substancialmente, iguais, onde o gênero da investigação e da reportagem perdem espaço”, afirmou o líder da Igreja Católica, em mensagem pela 55ª Jornada Mundial das Comunicações Sociais, que começará em 16 de maio. Segundo o papa, os meios, atualmente, oferecem mais espaço para uma “informação reconfeccionada”, e são menos capazes de interceptar “a verdade das coisas ou a vida concreta das pessoas”, assim como não conseguem informar sobre os “fenômenos sociais mais graves”. O pontífice, inclusive, pediu para que os profissionais de imprensa estejam menos de frente para um computador, conectados às redes sociais e estejam mais nas ruas, para “desgastar as solas dos sapatos”, parafraseando o jornalista espanhol Manuel Lozano Garrido, que morreu em 1971 e foi beatificado em 2010.
Francisco destacou a importância do jornalismo para mostrar as “difíceis condições das minorias perseguidas em várias partes do mundo”, além de abusos e injustiças contra os pobres e o meio-ambiente. Além disso, o papa pediu para que os profissionais de imprensa alertem sobre a distribuição de vacinas e medicamentos contra a Covid-19, diante do risco de que sejam noticiadas as informações “sob o olhar do rico”, ignorando as nações mais pobres. “Quem nos falará da espera pela cura nos povoados mais pobres da Ásia, da América Latina e da África? Assim, as diferenças sociais e econômicas à nível planetário, correm o risco de marcar a ordem da distribuição das vacinas contra a Covid-19″, alertou.
O papa ainda apontou para os riscos de uma comunicação social que não tenha controles, diante da expansão das chamadas ‘fake news‘. “Descobrimos, já faz um tempo, como as notícias e as imagens são fáceis de manipular, por diversos motivos, às vezes só por um narcisismo banal. Essa consciência crítica nos empurra não a demonizar o instrumento, mas sim a uma maior capacidade de discernimento”, avaliou. “Todos somos responsáveis pela comunicação que fazemos, das informações que damos, do controle que, juntos, podemos exercer sobre as notícias falsas, desmascarando-as. Todos estamos convocados a ser testemunhas da verdade”, completou.
*Com informações EFE
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.