Polícia dos EUA prende suspeito de balear três estudantes palestinos e trata caso como ‘crime de ódio’
De acordo com as autoridades, duas vítimas estão em condição estável e a terceira sofreu ‘ferimentos muito mais graves’; Jason Eaton foi preso domingo e é esperado em um tribunal ainda nesta segunda
A polícia dos Estados Unidos prendeu um suspeito, identificado como Jason Eaton, de realizar um ataque a tiros contra três estudantes universitários de ascendência palestina no estado de Vermont. As autoridades consideram o ocorrido como crime motivado pelo ódio, disseram nesta segunda-feira, 27. Eaton, de 48 anos, foi preso no domingo e é esperado em um tribunal ainda nesta segunda-feira. O incidente ocorreu em meio a altas tensões e episódios de violência registrados em campi de universidades e em outras partes dos Estados Unidos, simultaneamente ao conflito entre Israel e o grupo islamista palestino Hamas. Segundo o chefe de polícia da cidade de Burlington, Jon Murad, evidências coletadas durante uma busca no apartamento de Eaton, bem como dados adicionais reunidos “deram aos investigadores e promotores motivos prováveis para acreditar que o Sr. Eaton executou o tiroteio”, disse Murad em um comunicado. Porta-vozes da polícia haviam declarado anteriormente que o autor era “um homem branco que portava uma pistola”, que agiu sem dizer uma palavra e “disparou pelo menos quatro balas”.
Um comunicado policial indicou que duas das vítimas estão em condição estável e a terceira sofreu “ferimentos muito mais graves”. Dois são cidadãos dos Estados Unidos e outro tem residência legal no país. Embora ainda não tenham chegado a uma conclusão sobre a motivação do atirador, foi confirmado que dois dos jovens usavam “keffiyehs”, o tradicional lenço de cabeça palestino preto e branco. “Neste momento tão tenso, ninguém pode ver este incidente e não suspeitar que pode ter sido um crime motivado pelo ódio”, afirmou Murad em nota. As três vítimas eram formadas na Ramallah Friends School, uma escola privada Quaker no território palestino da Cisjordânia, e agora frequentam diferentes universidades no nordeste dos Estados Unidos, de acordo com um comunicado de um porta-voz das famílias das vítimas.
“Como pais estamos devastados com a horrível notícia de que nossos filhos foram atacados e baleados… Fazemos um apelo às autoridades para que realizem uma investigação exaustiva. Não ficaremos confortáveis até que o agressor seja levado à Justiça”, sustentou a nota. O Comitê Árabe americano contra a Discriminação se pronunciou sobre o caso afirmando ter “razões para acreditar que este tiroteio ocorreu porque as vítimas são árabes”. Além disso, pediu às autoridades de Vermont que investiguem o ocorrido como um “crime de ódio”. O presidente americano, Joe Biden, foi informado sobre o incidente no domingo, segundo a Casa Branca. Bernie Sanders, senador de Vermont e ex-candidato presidencial do Partido Democrata classificou o ataque como “impactante e profundamente decepcionante”, acrescentando que “o ódio não tem lugar” nos Estados Unidos “nem em qualquer lugar do mundo”.
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