Lider catalão evita responder Rajoy sobre independência e insiste em diálogo

  • Por EFE
  • 16/10/2017 09h36 - Atualizado em 16/10/2017 09h37
EFE/Marta Pérez Presidente da Generalitat catalã, Carles Puigdemont, ao lado do vice Oriol Junqueras

O presidente do Governo regional da Catalunha, Carles Puigdemont, ofereceu nesta segunda-feira por carta ao presidente do Governo da Espanha, Mariano Rajoy, uma margem de “dois meses” para dialogar e negociar uma saída política para o conflito político que existe entre Catalunha e o Estado.

Logo depois, o Governo da Espanha não considerou válida, por falta de clareza, a resposta de Puigdemont, segundo explicou o ministro de Justiça, Rafael Catalá.

O ministro lembrou que, além de perguntar-lhe sobre a independência, o presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, lhe deu um segundo prazo, até quinta-feira, para que explicasse as medidas que vai adotar para cumprir a lei.

O presidente catalão, que devia responder hoje ao requerimento, não deu a resposta para o Governo e propôs a Rajoy realizar “o mais rápido possível” uma reunião para “explorar os primeiros acordos”.

Puigdemont, na carta enviada a Rajoy, anexou as referências documentais de seu pronunciamento na Câmara catalã, bem como a lei do referendo que aprovaram em setembro, suspensa pelo Tribunal Constitucional espanhol, e os resultados da consulta separatista de 1 de outubro, considerada ilegal pela Justiça espanhola.

Puigdemont destacou que, em todo caso, que os efeitos do mandato “político surgido das urnas em 1 de outubro estão suspensos, porque sua vontade é encontrar a solução e não o confronto”.

O presidente catalão, no Parlamento regional, assumiu “o mandato do povo da Catalunha para que seja um Estado independente em forma de república”, mas em seguida propôs deixar em suspenso a declaração de independência para que “nas próximas semanas” se dialogue, requisitando ao Governo espanhol que aceitasse uma mediação.

O Governo de Rajoy lhe tinha dado de prazo até hoje para que dissesse se tinha declarado ou não a independência, e em caso de não responder, como aconteceu, tem até a próxima quinta-feira dia 19 para retomar o caminho da legalidade antes de o Estado tomar medidas para restaurar a lei.

“A nossa intenção é percorrer o caminho de forma lembrada tanto no tempo como nas formas. A nossa proposta de diálogo é sincera e honesta”, disse Puigdemont dirigindo-se a Rajoy.

“Por tudo isso, durante os próximos dois meses, nosso principal objetivo é pedir-lhe para dialogar e que todas aquelas instituições e personalidades internacionais, espanholas e catalãs, que expressaram sua vontade de abrir um caminho de negociação tenham a oportunidade de explorá-lo”, continuou o documento.

Na sua carta, de duas páginas e com cerca de 20 referências documentais, Puigdemont faz a Rajoy duas petições: “que reverta a repressão contra o povo e o governo da Catalunha e concretize o mais rápido possível uma reunião que lhes permita explorar os primeiros acordos, para não deixar que a situação se deteriore ainda mais”.

“A nossa proposta de diálogo é sincera, apesar de todo o ocorrido, mas logicamente é incompatível com o atual clima de crescente repressão e ameaça”, destacou Puigdemont na carta.

A respeito do diálogo, o presidente catalão afirmou: “Com boa vontade, reconhecendo o problema e o olhando de frente, tenho certeza de que podemos encontrar o caminho da solução”.

Puigdemont disse que no referendo de 1 de outubro “mais de dois milhões de catalães encomendaram – ao Parlamento regional – o mandato democrático de declarar a independência” e lembrou os dados das últimas eleições regionais de 2015, nas quais 47,7% dos eleitores votaram em “forças independentistas”.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.