Presidente das Filipinas pressiona mulher casada a beijá-lo e recebe críticas

  • Por Estadão Conteúdo
  • 04/06/2018 13h13
Reprodução/YouTube O incidente aconteceu ao final de um discurso de duas horas, quando o presidente ofereceu um livro à multidão e apontou para duas mulheres

O presidente filipino Rodrigo Duterte gerou controvérsia ao pressionar uma mulher casada a beijá-lo na boca diante de milhares de apoiadores neste domingo, 3. A cena aconteceu durante um ato público com trabalhadores filipinos da Coreia do Sul. Duterte chamou a mulher ao palco para lhe dar um livro.

O incidente aconteceu ao final de um discurso de duas horas, quando o presidente ofereceu um livro à multidão e apontou para duas mulheres. “Há um pagamento por isso, um beijo. Você, de branco. Você está pronta para ser beijada? Venha aqui”, disse o presidente, de 73 anos, a uma das mulheres no palco.

A primeira mulher deu um beijo no rosto do presidente. A outra, de branco, pegou sua mão e colocou na testa, um gesto tradicional de respeito a um idoso. No entanto, ele a pediu para se aproximar e lhe dar um beijo, apontando para seus lábios.

Enquanto a multidão gritava, o presidente perguntou se a mulher era casada, se o marido estava por perto e se ela seria capaz de explicar que o que estavam prestes a fazer era apenas uma piada. Ela respondeu que o marido não estava presente e que poderia explicar o ato. “Deixe-o com ciúmes”, declarou Duterte.

Então se inclinou e beijou a mulher, que se manteve imóvel, e depois gritou e cobriu o rosto. “Não leve isso a sério”, disse o líder, mais tarde, à multidão. “É apenas para dar diversão às pessoas.”

Enquanto a mulher defendeu o beijo e disse que ficou emocionada com o encontro, outros disseram que o presidente foi longe demais. Um senador chamou o ato de “exibição desprezível de sexismo e grave abuso de autoridade”.

A senadora Risa Hontiveros também criticou. “O presidente Duterte agiu como um rei feudal que acha que ser presidente tem o direito de fazer qualquer coisa que lhe agrade”.

Ela pediu que o público filipino não julgue a mulher. “Mesmo se o ato foi consensual, foi o presidente, possuidor de poder impressionante e intimidador, que o iniciou.”

O partido esquerdista Gabriela também condenou o ato, que afirmou ressaltar o “machismo e a misoginia” do presidente. “O espetáculo machista e alarmante faz com que os avanços sexuais contra as mulheres pareçam corretos”, declarou o partido.

Além das críticas crescentes sobre sua repressão sangrenta às drogas ilegais, que já matou centenas de suspeitos, Duterte também é criticado por comentários sexistas, como quando disse que as tropas deveriam atirar nos órgãos genitais de guerrilheiras, durante um discurso contra as guerrilhas comunistas.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.